Mais um frigorífico está querendo negociar a dívida com o BNDES

Mais um frigorífico está querendo negociar a dívida com o BNDES. O banco está virando perito em fazer da limonada um limão. O Brasil já era o maior exportador do mundo antes de o BNDES decidir reestruturar o setor, escolher os campeões, fazer concentração.

O banco estimulou os maiores a comprar os menores, escolhendo como líderes desse processo JBS, Marfrig e Bertin. Fez um investimento no Independência, que quebrou, e o BNDES perdeu dinheiro.

A JBS cresceu muito, mas como sabemos, o BNDES teve de virar dono de 30% da empresa. O banco tem 14% da Marfrig, que está com problemas, com uma dívida de curto prazo de R$8,3 bilhões. O banco é sócio e credor.

Em 2010, a Marfrig, para comprar a Keystone Foods, emitiu R$2,5 bi de debêntures de cinco anos, e o BNDES comprou integralmente a emissão; ou seja, a Marfrig comprou a empresa com esse dinheiro. O papel prevê o pagamento de um cupom, um rendimento desse capital - R$250 milhões por ano. Uma parcela vence agora, em junho, e a Marfrig quer renegociar. A empresa não quer pagar o cupom deste ano, de 2013, 2014 e 2015, o que dará R$1 bilhão. Quando a debênture vencer, o BNDES vai virar dono de uma parte ainda maior do frigorífico. Com o JBS, foi feita a mesma coisa. A terceira aposta, com a Bertin, deu completamente errada.

O BNDES quebrou a cara o tempo todo no setor de carne, que já era grande quando ele chegou.

Fonte: O Globo Blogs. Por Míriam Leitão. 25 de maio de 2012.