Para a próxima safra os produtores brasileiros mais capitalizados dependerão menos dos recursos de custeio do governo.
Os agricultores brasileiros, capitalizados após um período de bons preços, dependerão menos dos recursos do governo para o custeio da próxima safra de grãos no Brasil, disse o secretário executivo do Ministério da Agricultura nesta terça-feira (22/5).
"O crédito e o preço mínimo terão peso menor (para grandes e médios produtores). A agricultura ganhou um nível de escala e eficiência, que depende muito mais de seu perfil empresarial do que da atuação do governo", disse José Carlos Vaz a jornalistas antes da abertura de seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2012 e 2013.
Nessa conjuntura e com um cenário positivo para alguns mercados agrícolas, como a soja, o Plano Safra 2012/13 deve focar mais em reforçar instrumentos para a classe média agrícola, como assistência técnica, pesquisa e seguro agrícola.
"Como a taxa de juros está caindo, mantido o atual cenário econômico, o produtor deve usar mais recurso próprio para o custeio e recorrer ao governo mais para o caso de investimentos", acrescentou Vaz.
Segundo ele, além do foco na classe média agrícola, o novo plano de safra previsto para ser divulgado na primeira quinzena de junho, deve ter ênfase um pouco maior na citricultura, pecuária e cana.
"Poderemos mexer nos juros ou recursos... (o montante) poderá ser igual ou um pouco maior do que no ano passado", disse ele, que não informou qual será o valor destinado para o Plano Agrícola e Pecuário para o ciclo 2012/13, que se inicia em 1º de julho.
O Plano Safra 2011/12 contou com recursos de R$107,2 bilhões.
Embora a alta dólar favoreça as exportações brasileiras, também podem pesar sobre o custo de produção, que segundo Vaz tem tido uma alta nos últimos 60 dias. Ele observou que há espaço para repassar a alta no caso do milho e da soja, mas ponderou que há mais dificuldades de transferir este custo elevado para a cana e a pecuária.
Mesmo assim ele observou que o cenário não é preocupante para a agropecuária brasileira. "O contexto internacional está confuso pela crise internacional, mas alimento o mundo não para de consumir", disse.
Neste cenário, diz ele, não se pode pensar em um plano para a cadeia agrícola, porque às vezes, mesmo em um cenário típico de crise, tem segmentos em que o produtor está mais capitalizado.
Questionado sobre possíveis mudanças nas medidas de apoio, o secretário disse que a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) já fez um estudo técnico e está discutindo com a Fazenda sobre o tema. "Poderemos ter correções técnicas", disse Vaz, acrescentando que os mercados de soja e milho estão com preços muito favoráveis com a alta do dólar.
No caso do milho, ele prevê que instrumentos de apoio à logística podem ser lançados na "boca de safra", quando a oferta de grãos chega ao mercado, especialmente em Mato Grosso, grande produtor nacional e mais distante das vias de escoamento da safra brasileira.
Fonte: Reuters. Por Fabíola Gomes. 22 de maio de 2012.
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