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Scot Consultoria

Aumento de 5% na produção de cana-de-açúcar é pouco para o setor


Segunda-feira, 14 de maio de 2012 - 09h09

A colheita da cana-de-açúcar ainda está no começo em São Paulo, o principal estado produtor. Embora as estimativas iniciais indiquem aumento de 5% na produção, o setor não está comemorando.


O agricultor Paulo Maximiliano Neto planta cana em 3,6 mil hectares em Ribeirão Preto, região nordeste de São Paulo. Ele fornece para uma usina da região e espera receber 5% a mais do que no ano passado. Porém, ele afirma que os reajustes dos últimos anos não têm sido suficientes para investir na produção. "A gente não tem condições de fazer a renovação por conta do preço e da falta de investimento no setor. Seria preciso um diálogo entre governo, usinas e fornecedores pra conseguir mais produtividade e uma renovação maior dos canaviais", explica Paulo.


As destilarias que produzem apenas o etanol sentem ainda mais os efeitos da crise financeira que atinge o setor. É o caso de uma destilaria, que fica em Sertãozinho, interior de São Paulo. Ela produz apenas etanol e na safra passada colheu 630 mil toneladas.


O custo de produção de cada litro de etanol ficou em R$1, em média, e o lucro não passou de R$0,15 por litro. "O preço do açúcar geralmente vale de 25% a 30% a mais que o álcool, então isso traz um custo diferenciado do produto. Quem não tem açúcar, tem que carregar esse ônus", explica o diretor da destilaria, Antonio Eduardo Tonielo.


A falta de investimentos também afeta outras empresas do setor. Uma delas, com sede em Piracicaba e mais cinco unidades no país, fabrica equipamentos para usinas. O faturamento caiu de R$2 bilhões para R$900 milhões nos últimos cinco anos. "Isso teve os mais diferentes impactos. Alguns foram de cancelamento de encomendas e outras de reprogramação. Existem também projetos que ainda estão suspensos", afirma José Luiz Olivério, vice-presidente da empresa.


Hoje no estado de São Paulo, 17% das usinas produzem apenas etanol e 1% somente açúcar. A maioria, 82%, é de indústrias mistas que aproveitam os equipamentos para fabricar etanol e açúcar.


Preços altos- Todos reconhecem que o grande problema hoje é o preço do etanol ao consumidor. Em 2008, o litro era vendido nos postos por R$1,30. Hoje, sai por R$1,80, aumento de 38,5%. Já o custo de produção por tonelada de cana subiu de R$43 para R$67, alta no período de 55,8%.


Quando o preço do etanol sobe, o mercado desaparece. "O consumidor brasileiro quando faz a conta e percebe que o valor do álcool não está compensando, migra para a gasolina. Ele está preocupado com o valor e não com o benefício ambiental que o etanol tem. É preciso uma política tributária diferenciada entre o etanol e a gasolina", opina o diretor técnico da União das Indústrias da Cana-de-Açúcar, Antonio de Pádua.


A política pública que o governo adota hoje na área de combustíveis é a administração do preço da gasolina. Entre os objetivos, está o controle da inflação.


Fonte: Globo Rural. Pela Redação. 13 de maio de 2012.



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