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Scot Consultoria

PIB R$1 bilhão mais pobre


Segunda-feira, 2 de abril de 2012 - 09h23

O Produto Interno Bruto (PIB) da agricultura de Mato Grosso deverá encolher neste ano pelo menos R$1,3 bilhão como reflexo das perdas de produtividade nas lavouras de soja, rendimento este abocanhado especialmente pela ferrugem asiática. Para os sojicultores, a safra 2011/12 deverá fechar com perdas de produtividade entre 10% e 15%, percentuais que se confirmados anularão o efeito da expansão de área de cerca de 10% da temporada anterior para a atual. Em resumo, esta safra se caracteriza pelas perdas reais e localizadas. As máquinas colhem ainda os últimos hectares da safra, mas já é possível, como relatam os sojicultores, ter um balanço prévio deste ciclo, temporada que ficou aquém das expectativas e que deverá contabilizar cerca de 2 milhões de toneladas a menos. Se o número se confirmar, a safra corre risco de ser inferior ao volume recorde registrado em 2010/11, de 20,56 milhões de toneladas. Inicialmente, as estimativas apontavam para uma nova quebra de recorde de produção com a soja totalizando quase 22 milhões de toneladas em Mato Grosso. “Gastamos 10% a mais para combater pragas e doenças – lagartas e a ferrugem – e vamos colher até 15% a menos. Pra mim, esta safra foi uma das piores dos últimos anos”, resume o sojicultor de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) e representante da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (APROSOJA), Antônio Galván. Ele frisa que no norte do estado a quebra está contabilizada em pelo menos 15%. “Nesta temporada o percentual vai variar entre as regiões. De qualquer forma, sabemos que na porção leste o plantio tardio da soja amplia as chances de perdas. Por terem reaproveitado algumas áreas de pastagem degrada a situação se agrava porque investiram mais no plantio e poderão colher ainda menos do que no resto do estado, prejuízo dobrado!”, adverte. Mesmo sem números oficiais, Galvan explica que o impacto das perdas sobre a economia estadual é fácil de ser mensurado, considerando a estimativa de perdas e o valor atual da saca, em média entre R$43 e R$44. “Todas as regiões do estado foram seriamente afetadas pela ferrugem. O grão que a doença ‘comeu’ não será contabilizado e sai diretamente do lucro final, era o dinheiro que ia de fato movimentar a cidade, o comércio e a prestação de serviços”. Além da frustração pela produção final que não vai ser atingida, a atual temporada deixará como saldo um custo de produção que excede ao planejamento. Com a forte incidência da doença foi necessário lançar mão de aplicações adicionais de inseticidas e fungicidas. Ainda como explica, mesmo com os bons preços do mercado internacional para a saca, a quebra de produção atinge diretamente o excedente da oleaginosa que ficaria de fato nas mãos dos produtores e que em outras palavras seria o lucro de cada um. “Salvo exceções, se dará bem o produtor que tiver plantado cedo e colhido cedo, ações que o livram do forte período de incidência da ferrugem”. A ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi que compromete o desenvolvimento das plantas e assim, afeta a produção dos grãos, reduzindo a produtividade. Conforme o presidente da Entidade, Carlos Fávaro, “é certo que a produção estimada não será concretizada e que esta safra foi frustrante diante das expectativas que haviam sido criadas”. O diretor financeiro da APROSOJA/MT, Nelson Piccoli, concorda com os números que indicam o tamanho da perda da safra de soja no estado, mas destaca que a safra passada foi um recorde e que “tudo que ficar abaixo daquele volume é considerado frustrante”. Na sua avaliação sobre a performance da sojicultura, ele conta que há municípios com perdas consolidadas acima de 15% e outros com percentuais entre 8% e 10%. “Para muitos produtores a colheita revelou uma produtividade menor, no entanto, ela ainda supera a média estadual de 52 sacas por hectares, mesmo ficando abaixo de resultados anteriores”. Em Sorriso (470 quilômetros ao norte de Cuiabá), município que disponibiliza a maior área no mundo ao cultivo da soja, 600 mil hectares, Piccoli destaca que houve perdas, mas lembra que no ano passado foi o local que obteve a maior produtividade da temporada estadual. “A tendência era de uma ótima safra, mas ela se confirmou como boa. Ao invés de um rendimento de 58 sacas por hectare, como em 2010/11, tivemos 54/55 sacas, volume acima da média estadual”. Mesmo tentando manter um tom mais otimista, a perda financeira o preocupa, já que é um dinheiro que deixa de entrar no lucro do produtor e consequentemente, na economia local. “A quebra de safra em Sorriso não deverá somar 10%, no entanto esse percentual no papel revela em uma conta rápida que deixamos de colher cerca de três milhões de sacas, volume que geraria R$ 120 milhões. Essa perda econômica é que não pode ser ignorada”. Fonte: Diário de Cuiabá. Por Marianna Peres. 1 de abril de 2012.
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