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Scot Consultoria

SLC quer triplicar de tamanho até 2020


Quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012 - 15h36

Nos últimos meses, a cúpula da SLC Agrícola, que tem uma das maiores áreas de plantio de grãos e algodão do Brasil, sentou à mesa por diversas vezes para por no papel o que a empresa quer fazer e ser até 2020. Neste mês, o conselho respaldou decisões que extrapolam o "mero" desafio de crescer com eficiência em área cultivada. A companhia vai começar a plantar cana-de-açúcar e pretende estrear nos próximos anos também sua atuação internacional: plantar soja em Moçambique. Com faturamento próximo de R$1 bilhão e área plantada de 250 mil hectares na safra 2011/12, a SLC Agrícola planeja quase triplicar de tamanho nos próximos oito anos. Até 2015, deve atingir cultivo de 410 mil hectares, já incorporando a cana no seu atual portfólio formado por soja, milho, algodão e alguns cereais de inverno. Até 2020, o foco é avançar para 700 mil hectares plantados, dos quais 20% fora do país. "Na safra 2015/16 já estaremos com área de escala comercial na África", garante Moura. Investimentos estimados e prazos exatos ainda não podem ser divulgados pela companhia sem anúncio prévio a seus acionistas na BM&F Bovespa, onde tem capital aberto e integra o Novo Mercado. "O que posso dizer é que temos uma geração de caixa anual de R$300 milhões. Com esses recursos, conseguimos realizar a expansão programada até 2015", diz Moura. O que ele adianta é que a estratégia de expansão traçada pela empresa prima pela diluição de riscos, tanto os financeiros, como os operacionais. E quase triplicar de tamanho com as mesmas culturas - soja, milho e algodão - elevaria em demasia esses riscos. Foi quando se pensou, há seis anos, na cana-de-açúcar. A gramínea, afirma o executivo, só perde em rentabilidade para o algodão, superando, portanto, a soja e o milho. Dessa forma, todas as 14 fazendas da empresa foram testadas com mudas de cana ao longo dos últimos anos. A partir de um acordo firmado com um grupo sucroalcooleiro, a SLC Agrícola decidiu iniciar o cultivo em uma fazenda em Mato Grosso do Sul, perto do município de Costa Rica e da unidade da ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht. Em 2013 começa o plantio de 3 mil hectares de cana nessa fazenda, até então dominada por soja, milho e algodão. Mas no horizonte, a empresa enxerga, a princípio, alcançar uma área de 50 mil hectares até 2020. "Esses planos serão revistos a cada três anos e sabemos que o potencial é maior". Moura afirma que neste momento negocia com grandes grupos sucroalcooleiros parceria no fornecimento da matéria-prima nas novas áreas de expansão canavieira. Na África, os estudos da SLC Agrícola também já começaram. Clima e topografia moçambicanas trazem similaridades com o encontrado em Mato Grosso, e o solo é até um pouco mais argiloso, sinal, segundo Moura, de que os gastos com fertilizantes tendem a ser menores do que no Brasil. Estudos mais específicos sobre regimes de chuvas também já constam nas planilhas da companhia, que pretende antes de 2015 iniciar o plantio experimental de soja no país. Os primeiros quatro anos de atuação na África devem se restringir ao cultivo de soja, cultura que traz riscos menores - econômicos e tecnológicos - do que o algodão, por exemplo, explica o executivo. Neste momento, conta Moura, a empresa mantem conversas com a Embrapa para definir que cultivares tendem a se adaptar melhor às terras moçambicanas. "Mas, basicamente serão as mesmas sementes usadas no Cerrado brasileiro". As terras no país africano pertencem ao governo, que oferece concessão de uso, por uma taxa de valor simbólico, por 50 anos, renováveis por igual período, explica o executivo. A princípio, a empresa planeja aportar capital para produzir por apenas cinco décadas. Novas definições de investimento virão na medida em que ficarem claras as condições de renovação. A decisão pela África, conta o executivo, veio depois de a SLC Agrícola prospectar negócios em outros lugares do mundo. "Visitamos países na América do Sul, como Colômbia, Paraguai e Uruguai, Rússia, Ucrânia e também outros países africanos", relata. A empresa chegou a negociar com um fundo para investir na Rússia e na Ucrânia, mas declinou diante das maiores vantagens trazidas pela África. O lugar escolhido foi Moçambique, não à toa, o epicentro dos investimentos brasileiros na África. "Há mais estabilidade política e incentivos do governo". A companhia já tem mapeados até municípios onde deve se instalar, mas ainda são mantidos sob segredo para não despertar o apetite da concorrência, brinca o executivo. O primeiro grande salto da SLC Agrícola ocorreu há cerca de 30 anos. Naquela época, o patrimônio de terras da empresa se resumia a uma fazenda de menos de 2 mil hectares em Horizontina (RS). Os acionistas, vindos de três famílias de descendentes de alemães, decidiram vender a propriedade por R$3 milhões, distribuíram entre si R$ 2 milhões, e com R$ 1 milhão compraram a fazenda Parnaúba, no Maranhão, com 26 mil hectares, conta Moura. E chegar à África hoje é como ir para o Maranhão há 30 anos, diz o executivo, referindo-se às dificuldades logísticas já mapeadas por lá. Em um país como o Brasil, a necessidade de abrir e construir estradas transformou a SLC Agrícola numa expert no assunto. "Cada uma de nossas 14 fazendas têm, em média, 300 quilômetros de estradas construídas pela própria empresa, entre vias dentro da fazenda e vicinais (de ligação a rodovias)", afirma o executivo. Fonte: Valor Econômico. Por Fabiana Batista. 9 de fevereiro de 2012.
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