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Scot Consultoria

Seca histórica condena as lavouras de arroz do Texas


Segunda-feira, 17 de outubro de 2011 - 09h10

Produtor anda sobre duto de água em sua fazenda: governo local estuda diminuir fornecimento para áreas agrícolas e priorizar manchas urbanas no Texas. A família de Ronald Gertson cultiva arroz há cinco gerações no Leste do Texas, onde o rio Colorado torna o solo ideal para o grão, mas para quase mais nada. Agora, a maior seca já enfrentada pelo Estado pode impedir Gertson de plantar em 2012 e levar a produção nos Estados Unidos a seu menor patamar em 13 anos. As temperaturas atipicamente altas do Texas ao Arkansas levaram o Departamento de Agricultura dos EUA a reduzir sua previsão de safra pela primeira vez em três meses, para 18,7 bilhões de libras-peso (8 milhões de toneladas), menor safra desde 1998 e 23% a menos do que em 2010. O preço dos contratos futuros de arroz subiu para o maior nível em duas semanas em Chicago, afetado pelo receio de que a oferta encolha nos Estados Unidos, maior exportador mundial em 2010 após Tailândia e Vietnã. A seca no Texas provocou prejuízos de US$5,2 bilhões para a agricultura, segundo estimativa da Texas A&M University feita em agosto. A previsão da agência de clima estadual é de que a seca se estenda por 2012. O órgão que administra o fornecimento de água para a maior região de cultivo no Texas, quarto maior produtor dos EUA, busca permissão para interromper a irrigação para agricultores como Gertson. "Nossa fazenda está na ativa há muito tempo e esta é a primeira vez que temos de lidar com falta de água", disse Gertson, estimando que 60% da fazenda de 1,2 mil hectares pode ficar sem ser cultivada no próximo ano. "Não tenho esperanças de recuperação a esta altura, embora certamente esteja rezando por isso", afirmou, por telefone, em Eagle Lake, Texas. Entre os seis maiores Estados produtores, incluindo Arkansas e Louisiana, apenas a Califórnia terá uma safra maior neste ano. O Texas colherá 1,26 bilhão de libras-peso na colheita que se encerra neste mês, 6,4% a menos do que no mesmo período de 2010 e abaixo da previsão do mês passado, de 1,35 bilhão, segundo o Departamento de Agricultura. Em Arkansas, onde inundações prejudicaram as plantações em abril e maio e a estiagem reduziu a plantação nos últimos meses, a produção despencará 32%, para 7,85 bilhões de libras-peso. O Texas, que deve produzir cerca de 7% da colheita dos EUA neste ano, teve em média menos de 30 centímetros de chuvas desde o início da seca em outubro do ano passado, com o que o período de 12 meses é o mais seco desde o início dos registros em 1895, segundo John Nielsen-Gammon, que trabalha para o governo estadual. Parte da região central do Estado teve 12,7 centímetros de chuva de tempestades na semana passada, as mais fortes em vários meses. Isso, porém, "não foi suficiente para fazer diferença" para o agricultor, disse Gertson. A seca pode persistir nas Grandes Planícies do Sul por pelo menos mais um ano, influenciada pelo agravamento do fenômeno climático La Niña, um período de esfriamento da água equatorial no Oceano Pacífico. Os lagos Travis e Buchanan - dois reservatórios que fornecem água para agricultores do Leste do Texas e para 1,1 milhão de habitantes - estavam em 39% de sua capacidade na semana passada, de acordo com a Autoridade do Baixo Rio Colorado, a agência que pediu permissão ao governo estadual para interromper o envio de água para irrigação em 1º de março. A medida afetaria fazendas agrícolas nos condados de Wharton, Colorado e Matagorda, principais regiões produtoras de arroz no Estado. O rio Colorado do Texas atravessa o norte do Estado até o Golfo do México e não é o rio de mesmo nome que passa pelo Grand Canyon no Arizona. Condições climáticas adversas fora dos EUA também podem limitar a oferta. A Tailândia, por exemplo, divulgou que inundações podem destruir o equivalente a 5 milhões de toneladas de arroz branqueado. As enchentes também inundaram quase 27,8 mil hectares de arroz no Vietnã, de acordo com um comitê local. Tufões nas Filipinas, segundo maior importador mundial, levaram o país a reduzir sua previsão de produção ontem. Os contratos futuros de arroz, para entrega em novembro, subiram 2,3% ontem, para US$16,355 por cem libras-peso na Chicago Board of Trade, mas chegaram a tocar durante o dia o limite de variação da bolsa, de US$0,50. A produção menor nos EUA e Ásia pode levar os preços para US$19 em fevereiro, maior cotação desde o recorde de US$25,07 atingido em abril de 2008, disse Shawn Hackett, presidente da Hackett Financial Advisors. As inundações na Ásia "precisam ser contabilizadas, porque significam menos produção e qualidade muito mais baixa para a oferta global", disse Hackett. A estimativa de oferta mundial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos "não tem relação com a realidade", afirmou. "Eles precisam diminuir bastante no próximo relatório, então, isso vai trazer mais tendência de alta, somando-se aos rendimentos menores nos EUA". O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que a produção mundial de arroz branqueado deste ano pode chegar a 461,4 milhões de toneladas, a maior na história. O Instituto de Pesquisa Internacional do Arroz, nas Filipinas, projetou 455 milhões de toneladas, 1,4% a menos que a previsão americana, mas ainda recorde. Fonte: Valor Online. Por Whitney McFerron. 17 de outubro de 2011.
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