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Demos sorte de ser um bom nome, diz Roberto Rodrigue


Terça-feira, 23 de agosto de 2011 - 09h25

Na terça-feira (23/8), o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, tomará posse no Palácio do Planalto. Roberto Rodrigues, ex-chefe da pasta (2003-2006), critica o processo de seleção do nome. Mendes Ribeiro ocupará o lugar de Wagner Rossi, que pediu demissão na última quinta-feira (17/8), após uma série de denúncias contra seu ministério. Roberto Rodrigues, professor da FGV, foi ministro da Agricultura de 2003 a 2006, durante gestão Lula. Ao Brasil Econômico, comentou as mudanças na pasta. Qual a importância da pasta de Agricultura na atual conjuntura nacional, tendo em vista o cenário mundial? Não existe liderança mundial - nem institucional nem individual -, o que talvez se deva ao fato do dinheiro dominar o planeta. A economia está globalizada, de modo que o "driver" mundial é a área financeira. O líder, finança, não tem pátria, ideologia nem religião. Nessa situação errática, a única solução que vejo é um projeto que deve focar em segurança alimentar e energética com sustentabilidade, para assim encaminhar a humanidade. Defendo que o Brasil detém as condições de ser o percussor desse projeto. A liderança na produção de alimentos hoje dividida entre Estados Unidos e União Europeia pode ficar com o Brasil. A Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou recentemente um estudo mostrando que a demanda mundial por alimentos deve crescer 20% nos próximos dez anos. A entidade avalia que o Brasil é o país que tem maior expectativa de aumento na sua produção no mesmo período de tempo - de 40%. Temos terra disponível, clima favorável, tecnologia necessária e gente capacitada, ou seja, toda a condição de atingir a previsão e de forma sustentável. Hoje o Brasil tem 49 milhões de hectares plantados com grãos. Graças a nossa tecnologia, conseguimos que nos últimos 20 anos, a produção de grãos aumentasse 179%, com a expansão de apenas 30% da área plantada. Para o país ser o maior fornecedor mundial de alimentos, o Ministério da Agricultura deve liderar uma estratégia que coordene infraestrutura e logística, renda para o produtor rural, política comercial mais abrangente, defesa sanitária e reforma de alguns instrumentos legais que amarram nosso agronegócio. O novo ministro, Mendes Ribeiro, não tem experiência na área de agricultura. Ele está preparado para assumir o cargo? Não gostaria de fazer um pré-julgamento do novo ministro. Consultei amigos no Rio Grande do Sul e ouvi com unanimidade que ele é um homem sério, correto e tem uma boa experiência na área administrativa. Cercado por uma equipe técnica competente, como um bom gestor, ele reúne todas as condições para ser um bom ministro. Como o senhor avalia a decisão da presidente Dilma Rousseff em aceitar a indicação de Mendes Ribeiro para o cargo? O processo me incomoda. Ele não foi escolhido pela presidente por mérito e sim pelo seu partido (PMDB) por articulação política. Nós demos sorte de ser um bom nome, mas o compromisso dele é muito forte com o partido, não com a agricultura. É preciso que ele seja um homem muito correto, muito justo para assumir o compromisso com a pasta, o que é fundamental. Fonte: Brasil Econômico. Por Priscilla Arroyo. 22 de agosto de 2011.
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