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Preço do milho agrava a crise da suinocultura brasileira


Quinta-feira, 30 de junho de 2011 - 08h55

Apesar do embargo russo à carne suína brasileira, o maior problema enfrentado atualmente pelos suinocultores é o aumento do custo de produção, puxado principalmente pela alta do preço do milho. Essa foi a conclusão a que chegaram os representantes da cadeia produtiva do setor que participaram de audiência pública realizada nesta quarta-feira (29/6), pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados, para discutir as dificuldades enfrentadas pela atividade e o bloqueio da Rússia à carne brasileira. Para os participantes da audiência, a solução para o fim da crise da suinocultura nacional depende de ações efetivas do Governo Federal, como a definição de uma política agrícola eficiente para o setor de grãos e as aquisições dos estoques excedentes de carne suína. “É nesta hora que o Governo precisa se fazer presente”, afirmou o representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) nos debates, Antonio Mazurek, que também é vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (FAPE-DF). O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), Pedro de Camargo Neto, chegou a dizer que a crise por que atravessa a suinocultura nacional não tem relação direta com o embargo russo. Ele explicou que o atual quadro de penúria do setor é conseqüência de um desajuste entre oferta e demanda e que se agrava com a alta cotação do milho. “Eu gostaria de desatrelar a questão da Rússia com a crise da suinocultura, já que é o preço do milho nas alturas que torna tudo mais grave”, afirmou Camargo Neto. Segundo o presidente da ABIPECS, este ano há uma oferta 5% maior de carne suína no mercado interno do que no ano passado. Para resolver o problema, ele defendeu a aquisição de carne suína, pelo Governo Federal, como forma de sustentar os preços pagos aos produtores no mercado doméstico. “Eu sei que não é comum armazenar carne, é mais trabalhoso, mas, diante dessa crise, precisamos trabalhar a idéia do Governo adquirir os excedentes de carne suína no mercado”, defendeu. Ao atribuir a elevação do preço do cereal no mercado interno à falta de planejamento do Governo para a produção de grãos, insumos considerados estratégicos tanto para suinocultura como para a avicultura, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Dias Coelho sugeriu a definição de “uma política agrícola mais eficiente com o objetivo de evitar aumentos desenfreados do milho que comprometam a renda do produtor de carne suína”. Segundo Dias Coelho, o milho e a soja compõem até 80% da dieta de engorda dos suínos. Em razão disso, “os produtores estão fechando as granjas que o País precisará no futuro”, alertou. De acordo com a ABCS, o preço da carne suína negociado no mercado no ano passado girava em torno de R$3,60/Kg e, este ano, baixou para R$2,30/Kg frente a um custo de produção de até R$2,80/Kg. Embargo – Na opinião do ex-ministro da Agricultura e atual presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Francisco Sérgio Turra, que também foi convidado para participar da audiência, o embargo econômico à carne suína brasileira esconde um viés político. O ex-ministro acredita que a atitude do governo russo em relação à carne suína brasileira é uma forma de pressionar o Brasil a apoiar a entrada da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC). “A solução desse problema é briga de cachorro grande e o Governo brasileiro tem que entrar de sola porque a Rússia é um mercado surpreendentemente difícil de negociar”, afirmou Turra. O diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, ministro Paulo Estivallet de Mesquita, concordou com a avaliação de que há um componente político na decisão da Rússia de suspender as importações da carne suína brasileira. “Não podemos tratar a questão como meramente técnica, mas é preciso dizer que esses problemas não se resolvem no curto prazo”, alertou. Em relação ao aspecto técnico-sanitário alegado pelos russos para justificar o bloqueio, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Francisco Sérgio Jardim, afirmou que as não-conformidades encontradas pelos técnicos russos na última visita de inspeção não comprometem a qualidade da carne exportada. “O Brasil cumpre as normas. O que nós precisamos é mostrar a equivalência entre os sistemas de fiscalização sanitária entre os dois países”, explicou Jardim. Segundo o secretário, o embargo da Rússia à carne suína é assunto prioritário para o ministro da pasta, Wagner Rossi. Jardim anunciou investimentos de R$50 milhões na ampliação da rede oficial de laboratórios para dar suporte ao setor produtivo e garantir a conformidade sanitária da carne brasileira. Também participaram da audiência o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli; o presidente da Associação Catarinense de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi; o presidente da Associação dos Criadores e Suinocultores do Estado do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Luis Folador; o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, e o engenheiro agrônomo da Gerência de Oleaginosas e Produtos Pecuários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Tomé Luiz Freire Guth. A realização da audiência foi proposta pelos deputados do Rio Grande do Sul, Bohn Gass (PT) e Onyx Lorenzoni (DEM). Fonte: Canal do Produtor. Por Redação. 29 de junho de 2011.
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