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Barragens subterrâneas levam sustentabilidade ao semiárido


Segunda-feira, 9 de maio de 2011 - 09h24

Ao armazenar a água das chuvas, a tecnologia é alternativa para os períodos de seca. O semiárido brasileiro, que se estende pelo nordeste e norte de Minas Gerais, sofre com a irregularidade das chuvas e a estiagem, período em que a redução na oferta de água prejudica as lavouras e coloca em risco o trabalho de vários meses. Para contornar o problema, os agricultores da região estão utilizando uma tecnologia que visa ao melhor aproveitamento da água das chuvas e garante a sustentabilidade da agricultura familiar. São as barragens subterrâneas, paredes construídas embaixo da terra para impedir o escoamento da água e permitir que a terra permaneça úmida para a produção mesmo em períodos de seca. A barragem pode ser construída ao longo de leitos de rios ou riachos e em locais por onde escorrem o maior volume de água no momento das chuvas, as chamadas linhas d’água. A construção da parede, que pode ser de alvenaria ou lona, é feita numa cavidade aberta até a camada mais endurecida do solo e perpendicular ao sentido da descida das águas. O trabalho de abertura dessa cavidade conta com a participação de toda a comunidade local e pode levar até três semanas para ficar pronta, dependendo das condições do solo. “As barragens são feitas com mão de obra familiar, em que a comunidade faz um mutirão para abrir a parede. É autossustentável”, explica a pesquisadora Maria Sônia Lopes, da Embrapa Solos. A vazante artificial formada pela barragem faz com que o terreno permaneça úmido de três a cinco meses após a época chuvosa, o que permite a plantação de culturas de subsistência, como grãos e hortaliças, e contribui para a redução dos efeitos negativos dos períodos de seca. “A experiência com barragens subterrâneas comprova que ela contribui para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras, além de diminuir a demanda por produtos externos à propriedade”, diz a pesquisadora. Segundo Sônia, as primeiras barragens de que se tem notícia no Brasil datam da década de 50, mas a técnica só começou a ser estudada pela Embrapa e por outras instituições do Nordeste a partir de 1982, o que contribuiu para sua difusão e viabilizou formas mais econômicas para a construção. Atualmente, o programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), desenvolvido pela Articulação para o Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), está sendo implantado em toda a região e conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Codevasf, Fundação Banco do Brasil, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Petrobras e Cooperação Espanhola. O princípio básico do programa é dotar cada família de terra para produzir alimentos de maneira sustentável e “duas águas”, uma para o consumo humano e outra para a produção de alimentos e criação de animais. De acordo com o coordenador do programa, Antônio Gomes Barbosa, aproximadamente mil barragens já foram construídas no semiárido, sendo 700 delas pela ASA. A intenção agora é expandir a tecnologia. “A barragem subterrânea é a melhor forma de estocagem de água que existe. Nossa pretensão é atingir de 5 mil a 6 mil barragens nos próximos quatro anos”, afirma. Além das barragens, o programa também desenvolve outras tecnologias que visam à sustentabilidade do Semiárido, como a construção de cisternas e de poços. Fonte: Globo Rural Online. Por Lidiane Aires. 8 de maio de 2011.
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