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Câmbio pressiona os preços da soja na chegada da safra


Quarta-feira, 27 de abril de 2011 - 09h20

A principal marca da safra brasileira de soja 2010/11, cuja colheita está terminando, foi uma combinação rara e bem-vinda de grande produção e rentabilidade alta. Mesmo com perdas pesadas devido ao excesso de chuva em algumas áreas, com destaque para o norte de Mato Grosso do Sul, o saldo foi bastante positivo. Do lado da produção, o clima ajudou. Mesmo em ano de La Niña, quando há mais chance de seca no Sul, a produtividade das lavouras foi muito alta em diversos Estados, levando o Brasil a produzir 72 milhões de toneladas de soja - um novo recorde. Do lado da rentabilidade, o que ajudou foram os preços na Bolsa de Chicago. Mesmo com o real valorizado (o que prejudica a renda em moeda nacional), as cotações internacionais entre US$10 e US$14 por bushel (27,2 quilos) ao longo da safra garantiram rentabilidade alta para os produtores. Quando o contrato com vencimento em maio deste ano da Bolsa de Chicago fez sua máxima de US$14,675, em 9 de fevereiro, os preços também foram às alturas no Brasil. No Porto de Paranaguá (PR), a saca de 60 quilos chegou a R$54 a melhor cotação, em termos nominais, desde julho de 2009. O resultado foi que até em Mato Grosso -Estado onde os preços são tradicionalmente prejudicados pela deficiência logística - a rentabilidade é histórica, com ganho em torno de US$500 por hectare sobre o custo variável de produção. O problema para quem ainda tem quantidades consideráveis de soja para vender é que agora, no final da colheita, os preços brasileiros estão mais pressionados do que se esperava. A diferença de R$7,60 por saca que separa os atuais R$46,40 do pico de R$54 atingido em Paranaguá é explicada, em parte, pelo recuo das cotações em Chicago, mas não apenas por isso. Além da queda em Chicago (de US$1,51 por bushel, ou US$3,33 por saca) entre a máxima de US$14,675 e a mínima da semana passada, de US$13,165, há ainda o recuo dos prêmios de exportação (diferença entre os preços de Chicago e os praticados nos portos brasileiros) e, claro, o do câmbio. A redução dos prêmios pagos pela soja brasileira é comum nesta época do ano devido ao aumento da oferta do grão no período de fim de colheita, e por isso não surpreende. O que complica mesmo é o câmbio. Com o recuo do dólar para menos de R$1,60, a diferença de preço entre Paranaguá e Sorriso (MT) já passa de US$7 por saca, ou quase US$120 por tonelada a maior diferença da série histórica da AgRural, iniciada em 2000. Isso significa que, graças ao câmbio ruim, nunca foi tão caro levar soja de Mato Grosso para Paranaguá (ou para Santos, já que a diferença é mínima). Ou, visto de outra maneira: nunca o produtor de Mato Grosso viu desvantagem tão grande entre o preço que ele recebe e o preço praticado nos portos. É o que fica de ruim numa safra que, de outro modo, seria perfeita. Fonte: Folha de São Paulo. Por Fernando Murato Jr. 26 de abril de 2011.
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