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Matrizes e bezerros passam fome no nordeste do Mato-Grosso


Quarta-feira, 23 de março de 2011 - 09h32

Criadores podem socorro para os animais, a atividade e economia de toda a região. A cena desoladora de um pequeno rebanho de vacas e bezerros na estrada de chão da BR 158 - que dá acesso ao município de Vila Rica, distante da capital de Mato Grosso, Cuiabá, 1.300 quilômetros - chamou a atenção de quem passava. A imagem era de um verdadeiro holocausto. A equipe da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) - que estava na região nordeste do Estado, apostava que nenhuma delas chegaria ao seu destino, que era uma pastagem a 200 quilômetros da cidade. A velha frase “era só couro e osso”, caía como uma luva para a descrição dessa situação. “Mais de 70% do nosso rebanho esta passando fome, 20% de nossa pastagem morreu na seca do ano passado e a situação se agravou com o ataque das cigarrinhas e lagartas. O momento é crítico e nosso gado está passando fome e temos de tirar os animais daqui para comer em outros pastos”, fala desolado o presidente do Sindicato Rural de Vila Rica, Eduardo Ribeiro. Ele disse que nessas viagens “mais de 10% do gado morre no caminho e, para pior a situação, ninguém quer comprar nosso gado, pela distancia e falta de estrada e quando compram, pagam muito pouco. Ficamos sem saída, pois se não vendemos perdemos porque o animal morre”. A Acrimat visitou durante uma semana a região nordeste do Estado e o que encontrou foi um cenário de muitos problemas. “Os produtores estão pedindo socorro e solução para os inúmeros problemas que enfrentam e isso é possível, pelo menos para amenizar a situação”, disse o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Uma das formas de amenizar a situação, segundo Vacari, é a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 7% para 3,5% para a saída do boi em pé para outros estados. “Hoje a região nordeste conta com um rebanho de quase 6 milhões de cabeças e apenas dois frigoríficos do Friboi operam e se aproveitam da situação dos pecuaristas pagando um preço pela arroba de até seis reais a menos em relação às demais regiões”. Os produtores de Canarana (a 827 quilômetros de Cuiabá) relatam que para abater o gado precisam andar mais de 300 quilômetros para receber um pouco mais pela arroba. “Em Água Boa, que fica a 110 quilômetros, pagaram na semana passada R$88 reais pela arroba do boi inteiro, em Paranatinga, 310 quilômetros de Canarana, R$94 e em São Paulo, 1.200 quilômetros daqui, conseguimos um preço de R$92 pelo mesmo boi. Isso mostra que o frigorífico mais próximo faz pressão e paga o que quer”, disse o presidente do Sindicato Rural de Canarana, Marcos da Rosa. Ele ressalta que a redução do ICMS “vai mudar a atual realidade e tornar nosso gado mais competitivo, mas não basta só isso, pois precisamos de estradas para transportar nossos animais. Precisamos ser ouvidos e atendidos”. Para Eduardo Ribeiro, de Vila Rica, a saída é a redução do ICMS e também do preço da pauta do boi em pé, que hoje é de R$1.480 para fora do Estado e R$1.360 para dentro. A sugestão do presidente do Sindicato é de redução de 35% do preço da pauta e o fim da cobrança por estimativa dos frigoríficos de abate diário de 600 cabeças. “O pecuarista paga 100% dos animais abatidos e os frigoríficos, se abaterem 1.200 cabeças/dia, pagam apenas 600, e isso não é justo, pois se os frigoríficos pagarem o abate real, o governo não vai perder receita com a redução do preço da pauta do boi em pé para nós”, explicou Ribeiro. A Acrimat já enviou ao governo do Estado o pedido de redução do ICMS de 7% para 3,5%. Em 2009 o governo concedeu o a redução no período de abril a setembro para a região nordeste e alguns municípios da região noroeste. O resultado foi o aumento de mais de 1.000% na comercialização do gado em pé para outros estados. “Esperamos por uma resposta positiva por parte do Estado, pois a situação é crítica”, finalizou Vacari. Fonte: Diário de Cuiabá. 22 de março de 2011.
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