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  • Terça-feira, 2 de setembro de 2025
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Sustentabilidade da cadeia produtiva do milho

Técnica, manejo integrado e políticas públicas impulsionam a produção sustentável de milho no Brasil, elevando a produtividade, reduzindo impactos ambientais e fortalecendo a competitividade no mercado interno e externo.


Foto: Freepik

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A evolução da produção de milho no Brasil reflete uma transformação estrutural no uso do solo e nos modelos produtivos. Antes da “revolução verde”, a agricultura brasileira operava por meio de ciclos de exploração de novas áreas, baseados na derrubada e queima de vegetação nativa.

O cultivo ocorria até a perda da fertilidade, momento em que novas áreas eram abertas, repetindo o processo. A difusão de sementes com maior potencial produtivo, o uso de fertilizantes NPK, defensivos agrícolas e manejos racionais alteraram esse cenário, permitindo que a mesma área fosse cultivada por anos consecutivos, com ganhos de produtividade suficientes para abastecer o consumo doméstico e gerar excedentes.

Esse novo paradigma abriu espaço para a produção agrícola sustentável, conceito que se consolidou com a incorporação de técnicas mitigadoras de impactos ambientais e adaptativas às mudanças climáticas.

Entre essas técnicas destacam-se o zoneamento agrícola de risco climático (ZARC Milho), que orienta decisões de semeadura; o manejo integrado de pragas e doenças; o uso de controle biológico; práticas conservacionistas como o plantio direto; rotação e consórcios de culturas; e bioinoculantes capazes de fixar nitrogênio ou solubilizar fósforo e potássio, reduzindo a dependência de fertilizantes químicos importados.

A adoção de sementes geneticamente modificadas, a partir do fim da década de 1990, foi determinante para reduzir perdas por pragas e plantas daninhas, elevar a produtividade e evitar a expansão de fronteiras agrícolas.

Hoje, cerca de 85% da área cultivada no país utiliza essa técnica, que, associada a cultivares de ciclo precoce, permite explorar janelas produtivas estratégicas, como a segunda safra.

O controle biológico tem se consolidado como alternativa aos defensivos químicos, com aumento expressivo no registro de produtos ao longo da última década. Há soluções microbiológicas e macrobiológicas direcionadas a pragas-chave, como Spodoptera frugiperda, que ampliam a sustentabilidade do manejo fitossanitário.

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é outro vetor relevante, pois permite uso intensivo do solo com diversificação de produção - grãos, carne, leite e madeira - sem necessidade de abertura de novas áreas. O milho se ajusta naturalmente a esse sistema, podendo ser cultivado tanto na safra de verão, em consórcio com gramíneas para recuperação de pastagens, quanto na safrinha, garantindo cobertura do solo e fornecimento de silagem ou grãos para alimentação animal.

O avanço da segunda safra - que hoje representa cerca de 79,2% da produção nacional – é resultado de um conjunto de inovações: soja de ciclo precoce, plantio direto, máquinas com alta capacidade operacional e cultivares de milho adaptados a ciclos curtos. Esse sistema viabilizou a expansão da soja sem comprometer a oferta interna de milho e contribuiu para a formação de excedentes exportáveis, com resiliência frente a adversidades climáticas.

Entretanto, a logística permanece como desafio para a sustentabilidade econômica, dado o baixo valor unitário do milho. A concentração da produção em regiões distantes do consumo exige investimentos em transporte e armazenamento.

Nesse sentido, dois movimentos recentes reduziram a vulnerabilidade: a instalação de indústrias de etanol de milho e a migração de polos de produção de aves, suínos e bovinos confinados para o Centro-Oeste, aumentando o consumo regional e a melhoria da infraestrutura de transporte, com destaque para ferrovias e rotas rodoviárias que ligam áreas produtoras a portos estratégicos, como os de Santos e Santarém.

As políticas públicas têm papel central nesse processo. O Plano ABC, lançado em 2010, estruturou metas para recuperação de pastagens degradadas, ampliação da ILPF, adoção do plantio direto e expansão do uso de fixação biológica de nitrogênio, entre outros. Linhas de crédito como o Programa ABC, o INOVAGRO e o MODERAGRO oferecem condições para financiar técnicas sustentáveis, embora ainda enfrentem entraves como baixa divulgação, burocracia e carência de assistência técnica especializada.

O desempenho do milho também se alinha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, como o combate à fome (ODS 2), a promoção de padrões de produção responsáveis (ODS 12) e o combate às mudanças climáticas (ODS 13). Entre 2015 e 2025, por exemplo, a produtividade média brasileira cresceu 46,5%, saindo de 69,6 sacas para 102 sacas por hectare.

Além disso, técnicas como sementes OGM, controle biológico e sistemas ILPF contribuem para metas relacionadas à preservação de ecossistemas, mitigação de gases de efeito estufa e uso eficiente da água e do solo.

Muito foi feito e muito ainda pode ser feito. A consolidação dessa trajetória exige a continuidade de investimentos em pesquisa, inovação e logística, além do fortalecimento da assistência técnica e da capacitação de produtores.

Com isso, o milho brasileiro sustentará seu papel estratégico na segurança alimentar e na economia, combinando competitividade de mercado com responsabilidade socioambiental.

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