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Scot Consultoria

Caminho da sustentabilidade


Segunda-feira, 9 de maio de 2011 - 13h08

Existe uma enxurrada de conceitos sobre sustentabilidade e de seus principais “inimigos”, que acabam deixando de lado o verdadeiro sentido do tema e o caminho que a pecuária trilhou e vem trilhando ao longo dos anos. Quando se discute a viabilidade econômica, social e ambiental da pecuária, é comum a associação desta com o desmatamento. Esse é um lado, histórico, mas de uma história passada. A falta de visão ou uma visão não abordada é a evolução do sistema de produção pecuário brasileiro, onde a sustentabilidade é sinônimo de produção e de produtividade. Os avanços tecnológicos, que levam ao aumento da produtividade, por animal e por área, e que contribuem para produzir carne de qualidade a um preço razoável para a população, gerando empregos, não fundamentam uma produção sustentável? A redução da idade de abate que vem se consolidando ao longo do tempo também não? O sistema de produção brasileiro, em pasto, não é uma tremenda bomba de sequestro de carbono? Esses avanços em direção à sustentabilidade são importantes e, irreversíveis, mas o que é fabuloso e normalmente esquecido é o combate à fome. Essa revolução através da alimentação, não pode ser preterida. E a carne vermelha, nesse sentido, é um artigo de primeira necessidade. Corremos o risco, diante de exigências ambientais fora de propósito, de deixar a carne bovina, um excelente alimento, cara. Bombardear a produção pecuária brasileira, diante das recentes crises financeiras mundiais está longe de ser uma corrida para um desenvolvimento sustentável. Os números não mentem A evolução dos índices zootécnicos da pecuária bovina brasileira é evidente. Sob todos os aspectos técnicos e econômicos tivemos avanços, por sinal, em ritmo superior ao observado mundialmente. Observe na figura 1 a evolução de importantes índices da pecuária na última década, estimados pela Scot Consultoria. Nos últimos 10 anos, o rebanho bovino brasileiro passou de 170 milhões para 205,2 milhões de cabeças. O interessante é que este aumento, de 20,8%, não foi conquistado através de acréscimo da área utilizada. A área de pastagem brasileira encolheu 3,0% na última década, de 175,1 milhões para 169,9 milhões de hectares. Isso nos leva ao próximo índice, a taxa de lotação, que passou de 0,97 cabeça por hectare para 1,2 cabeça por hectare, um incremento de 23,7%. Portanto, a evolução da produtividade nos permitiu aumentar o rebanho e a produção de carne, utilizando menos área. A produção de carne saiu de 6,5 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec) em 2000 para os atuais 9,1 milhões de tec, uma alta de 40%. O aumento percentual na produção de carne foi quase o dobro do observado para o rebanho. A explicação está em dois outros índices: a taxa de desfrute e o peso médio de carcaça. A taxa de desfrute, que mede o volume de animais abatidos em relação ao rebanho total, saiu de 18,4% em 2000 para 20,1% em 2010, uma alta de 9,2%. Esse incremento é obtido com a redução da idade do abate dos animais. O peso médio de carcaça evoluiu de 209kg para 222kg, aumento de 6,1%. Portanto, a chave para a sustentabilidade, vem do conhecimento agronômico, das ciências agrárias. Tem muito neófito falando sem saber e pior, repetindo conceitos sem conhecimento de causa. A atividade se profissionalizou. A taxa de informalidade, que envolve a falta de inspeção de abate e a falta de documentação, estima-se que foi reduzida em 34,1% nos últimos dez anos. Parcela desse avanço se deve ao aumento das exportações de carne bovina e à profissionalização das empresas frigoríficas. Conclusão Além de produzir com qualidade e de forma sustentável, temos condições de mitigar os efeitos dos gases do efeito estufa (GEE). A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apontou a recuperação de pastagens como uma das mais importantes formas de sequestro de GEEs. Já sabíamos disso, mas esse reconhecimento foi importante. Mas, apesar da evolução significativa na eficiência produtiva, ainda há o quer ser feito. Podemos avançar mais e o potencial do Brasil para a produção sustentável de alimentos é inegável. Talvez seja esse um dos pontos que mais afligem nossos concorrentes na produção agropecuária. O que precisamos, é defender o nosso sistema de produção com fatos e argumentos sólidos, além de demonstrar a responsabilidade e a importância da cadeia produtiva (pecuaristas e frigoríficos) como produtores de alimento de alta qualidade e de preço baixo para um mundo ainda com enormes contingentes de famintos. Colaboraram Gustavo Adolpho Maranhão Aguiar – zootecnista e diretor da Scot Consultoria. Douglas Coelho de Oliveira – zootecnista e trainee da Scot Consultoria. * material publicado na revista nacional da carne
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