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Scot Consultoria

Carta Leite - Comparação da produção de leite e preços no Brasil, Uruguai e Argentina


Sexta-feira, 30 de março de 2012 - 16h06

O preço do leite pago ao produtor está atrelado à oferta e a demanda. É claro que fatores externos como câmbio e crise econômica, entre outros, interferem. Na figura 1, estão o pico e o piso de produção leiteira no Brasil, Uruguai e Argentina nas duas últimas temporadas.



Neste texto analisamos a sazonalidade da produção e preços nestes países e traçamos uma relação dessa sazonalidade com as importações brasileiras de lácteos destes países. Devido ao clima semelhante e posição geográfica no Uruguai e Argentina, o piso e pico de produção ocorrem em períodos próximos. Neste caso, o piso ocorreu em fevereiro para os dois países e o pico em outubro. No Brasil, tanto o pico como o piso ocorreram dois meses depois. No Uruguai a diferença entre piso e pico de produção foi de 90,0% na temporada passada. Na Argentina essa amplitude foi de 44,7% e, no Brasil foi de 13,5%. O Brasil é favorecido pela extensão territorial que permite que o período de safra e entressafra seja diferente de acordo com a região, mantendo assim a produção nacional em patamares elevados. A adoção de tecnologia, programas de suplementação alimentar na seca e o uso de pastos cultivados também contribuem para uma produção comparativamente regular. Preço do leite ao produtor Considerando o pagamento de fevereiro (últimos dados disponíveis na Argentina e Uruguai), o produtor brasileiro recebeu, em média, US$0,463 por litro. Este preço está 3,0% maior em relação a janeiro e 4,0% acima do verificado em fevereiro de 2011. Na Argentina, o preço médio do leite ao produtor ficou em US$0,348 no pagamento de fevereiro, 0,1% mais que em janeiro e 6,0% menos que em fevereiro de 2011. No Uruguai, o produtor recebeu, em média, US$0,405 por litro em fevereiro, 3,1% mais que em janeiro e 3,4% mais que em fevereiro do ano passado. O pico de preço do litro de leite no Brasil em 2011, em dólar, ocorreu em agosto. No Uruguai ocorreu em junho e na Argentina em abril. Figura 2.



É importante destacar que, em moeda nacional, o pico de preço no Brasil foi verificado no pagamento de setembro, referente à produção de agosto. A média nacional ficou em R$0,846 por litro. Veja na tabela 1 um comparativo de preços entre estes países.



O preço do leite no Brasil está 33,0% maior em relação à Argentina e 14,3% acima dos valores vigentes no Uruguai. Com isso, é possível entender por que entra tanto produto argentino no Brasil. O produto uruguaio apesar de mais caro também é competitivo. Nos patamares atuais o produto argentino vai continuar atraente. Começa no pagamento ao produtor e se estende até os preços nas indústrias e varejo. Outro ponto é que quando o preço do leite atinge o pico no Brasil, na Argentina, as cotações já estão em queda, o que contribui ainda mais com a importação de produtos do país vizinho. No Uruguai a entressafra prejudica muito a produção, restando menos produto para exportação neste período. O peso desvalorizado e o real valorizado frente ao dólar também contribuem para entrada de produtos argentinos e uruguaios no mercado brasileiro. O produtor de leite brasileiro precisa ser incentivado para produzir leite em quantidade e de qualidade. Isso se dá através de boa remuneração da sua produção. Assim a cadeia do leite nacional ganha força e quem sabe um dia o Brasil volte a ser um exportador de leite e produtos lácteos. Colaborou Rafael Ribeiro, zootecnista e consultor da Scot Consultoria.



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