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Concentração chegou ao mercado do leite


Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010 - 17h15

As fusões e aquisições entre empresas já fazem parte do novo contexto mundial nos mais variados setores da economia. O aumento do poder de barganha e o incremento da solidez para enfrentar situações adversas, como a crise mundial de 2008, são alguns fatores que têm impulsionado a concentração do mercado. A aquisição de uma empresa que não anda bem das pernas por outra que planeja aumentar sua participação no mercado tem sido comum. Primeiro, as grandes fusões entre redes varejistas de supermercados, depois as indústrias químicas e petroquímicas e, em 2007, as aquisições e fusões envolveram frigoríficos e usinas de açúcar e álcool. Bom, em 2008, nem se fala. A crise colaborou para a concentração ganhar força e, em 2009, começaram a circular notícias no setor de laticínios. Fusões e aquisições no mercado de laticínios No setor de lácteos já tivemos algumas coisas de concreto e outras em fase de análise e/ou definição da participação de cada indústria na nova empresa. Fora os boatos. O processo vai desde as aquisições por grupos de investimentos, como foi o caso da GP Investimentos que formou um consórcio entre seu laticínio Leitbom e as empresas Glória e Ibituruna, pertencentes à Laep, controladora da Parmalat, até arrendamentos de plantas fechadas. No caso de arrendamentos podemos citar a Laep arrendando a planta de Santa Helena de Goiás, em Goiás, da Parmalat Brasil, para o laticínio Italac, e a Nestlé arrendando a planta da Parmalat em Carazinho, no Rio Grande do Sul. Podemos destacar ainda a Bom Gosto comprando a unidade desativada da Nestlé em Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Do lado das fusões, no início de 2010, tivemos uma iniciativa surgindo das cooperativas de leite no país. Foi a chamada “megafusão” entre a Itambé e outros quatro laticínios: Cemil, Minas Leite, Confepar e Centroleite. A nova empresa poderia se tornar a maior cooperativa da América do Sul, com um volume captado de aproximadamente 2,5 bilhões de litros de leite por ano. Para se ter idéia, a Nestlé, maior empresa de lácteos no Brasil, captou, em 2009, 2,05 bilhões de litros de leite, segundo pesquisa da Leite Brasil. Por não concordarem com as participações na empresa a ser formada, recentemente a Cemil e a Centroleite se retiraram do projeto, que segue em análise e estruturação pelos demais participantes. Por fim, mais recentemente, outra fusão milionária: a Leitbom estaria se juntando com a Bom Gosto. As negociações entre Bom Gosto e a GP Investimentos, que controla a Monticiano (dona da Leitbom), começaram no fim do primeiro semestre. O BNDESPar também participaria das negociações. A criação desses dois gigantes do mercado do leite aumentaria a concorrência e a briga pela liderança na captação de leite no país. Veja na tabela 1 a captação de leite nos dez maiores laticínios do país. Agora, na tabela 2, uma simulação, levando em conta as captações de 2009, caso se concretizem os processos de fusão e aquisições citados. É claro que é preciso considerar o crescimento individual de cada indústria em 2010. Final O mercado do leite é uma das apostas do agronegócio brasileiro em médio e longo prazo. Dessa forma, os investimentos no setor acontecerão nos próximos anos. A concentração parece ser inevitável e tem lados positivo e negativo. A existência de empresa maiores, consolidadas e, portanto, com maior poder de barganha no mercado é um fator positivo para a economia. Favorece o acesso a novos mercados e reduz custos em função da escala de produção. Por outro lado, podemos ter uma diminuição da concorrência, em situações onde a concentração em determinada região for maior. Neste caso, os maiores prejudicados seriam os produtores de leite. A Nestlé, hoje líder de mercado em termos de captação no Brasil, é responsável pela compra de 10% do leite produzido. Na Nova Zelândia, por exemplo, grande exportador mundial de lácteos, a Fonterra, maior empresa do setor no país, detém 80% do mercado.
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