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Scot Consultoria

Mercado promissor para a pecuária leiteira no Rio Grande do Sul


Quinta-feira, 27 de agosto de 2009 - 10h26

A produção de leite do Rio Grande do Sul é importante, não só para a economia do Estado mas para o Brasil em geral. Dados da Secretária de Agricultura do Rio Grande do Sul, mostram que o setor lácteo movimenta mais de R$ 8 bilhões ao ano e, existem no Estado, cerca de 80 mil produtores de leite. Mas, a cadeia produtiva envolve mais gente. No Estado, direta e indiretamente a estimativa é de que envolva 730 mil pessoas. O Rio Grande do Sul é o segundo produtor nacional de leite, atrás apenas de Minas Gerais. Os últimos números da pesquisa pecuária municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para uma produção em torno de 3 bilhões de litros (2,943 bilhões, em 2007). Esse volume representa 11,3% da produção nacional no período, que foi de aproximadamente 26,1 bilhões de litros de leite. Analisando os anos anteriores, temos que a pecuária de leite no Rio Grande do Sul está em pleno crescimento, a exemplo da atividade como um todo no Brasil. De 2005 a 2007 houve um incremento de 20% na produção rio-grandense. Com isso, o Estado passou de 2,46 bilhões para 2,94 bilhões de litros produzidos. Neste mesmo período, o crescimento da produção nacional foi de 6,1%, ou seja, no Rio Grande do Sul o incremento foi bem acima da média. A instalação de novas plantas industriais, a abertura de mercados e o lançamento de produtos, vem contribuindo para aumentar a participação e a importância da cadeia produtiva do leite na economia gaúcha. Grandes empresas de lácteos estão instaladas no Estado, tais como a Perdigão (que adquiriu a Batavo), a Embaré, a Líder, a Italac, a Nestlé e a Parmalat. Há também as cooperativas tais como a CCGL, que desempenham papel importante, principalmente absorvendo a produção de pequenos produtores. ENTENDENDO A ATIVIDADE NO RIO GRANDE DO SUL Podemos dividir o Estado em duas partes, em Norte e Sul. No Sul predomina a pecuária de corte, caracterizada por grandes propriedades cuja característica é a criação extensiva de gado. São regiões de solo raso, de boa fertilidade e boas pastagens. No Sul do Estado a pecuária de leite é pouco expressiva. A produção de leite se desenvolveu no Norte, onde a atividade é caracterizada por pequenas propriedades, com predominância da mão-de-obra familiar. Em muitos casos, a produção de leite não é a única renda da família, que também trabalha com avicultura, suinocultura ou agricultura. O uso de tecnologia é evidente na produção gaúcha com animais especializados para a produção de leite, de média a alta produtividade. O Estado, possui condições ideais para produção de leite, sendo que a região Noroeste (Santa Rosa, Passo Fundo, Três Passos, Ijuí, etc.) responde por cerca de 2/3 da produção. VANTAGENS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO ESTADO Uma das grandes vantagens da pecuária, de leite e de corte, são as pastagens de inverno que permitem menor gasto com alimentação no período seco , quando as pastagens apresentam baixa qualidade e disponibilidade. As pastagens de inverno permitem a redução da utilização de alimentos concentrados, responsável por parcela importante dos custos da atividade. Na entressafra, a produção tende a se estabilizar primeiro, na região Sul do País, em função da oferta de alimentação de qualidade, no caso as pastagens de inverno. Este ano foi atípico. O longo período de estiagem e as geadas prejudicaram o desenvolvimento das pastagens de inverno. Conseqüentemente a produção foi afetada e, agora que caminha para a estabilidade. LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA O Estado deve consolidar posição como grande produtor de leite. A localização estratégica, próxima à região Sudeste (maior consumidor de lácteos do Brasil), bem como a proximidade com os países do Mercosul favorece a comercialização. Além disso, regiões tipicamente leiteiras como Minas Gerais e São Paulo, cada vez mais perdem espaço para outras atividades, principalmente para a cana-de-açúcar. A instalação de laticínios na região favoreceu a concorrência e o reflexo foram preços melhores para os produtores. O papel das cooperativas junto aos produtores (principalmente o pequeno produtor) é outro ponto fundamental e de grande representatividade no Estado. MERCADO DO LEITE E A CRISE ECONÔMICA É claro que o Estado, como um grande exportador de lácteos, principalmente de leite em pó, sentiu os efeitos da crise. Aqui podemos fazer uma consideração sobre o mercado do leite e o comportamento do preço ao produtor no Estado e no Brasil nos últimos anos. De modo geral, 2007 e 2008 (até a crise) foram anos bons para a pecuária de leite brasileira. Nesses anos, a seca na Nova Zelândia e na Austrália (dois grandes exportadores de leite) e conseqüente redução na oferta de leite para o mercado internacional, abriram oportunidade para o Brasil aumentar a participação no comércio mundial de lácteos. O mercado agropecuário estava aquecido, com forte alta dos preços das principais commodities e insumos agrícolas a partir do segundo semestre de 2007. Em relação aos produtos lácteos, as exportações brasileiras aumentaram, principalmente de leite em pó. Até então o país embarcava entre 5 mil e 6 mil toneladas por mês. Observe a figura 1. A maior procura no mercado externo levou o país a uma média mensal de mais de 10 mil toneladas no final de 2007 e primeiro semestre de 2008. A Venezuela foi a principal compradora com cerca de 60% do faturamento em 2008. Aí veio a crise mundial e uma redução generalizada na demanda. Países como a Venezuela, cuja economia depende do petróleo, sofreram e ainda sofrem com a forte desvalorização da commodity. Os preços dos lácteos caíram lá fora e a exportação passou a não ser tão interessante como antes. REFLEXOS NO RIO GRANDE DO SUL O Rio Grande do Sul, com grandes empresas de secagem de leite para fabricação de leite em pó, sentiu essa redução na demanda internacional. Conseqüência disso foi um aumento da oferta de leite no mercado interno justamente na safra. Desta forma, o preço do leite ao produtor caiu por vários meses até encontrar sustentação na entressafra deste ano. De maio de 2008 (pico de preço) a janeiro de 2009 o preço do leite ao produtor caiu 21% no Rio Grande do Sul. Ou seja, saiu de R$0,74 para R$0,58/litro, em valores corrigidos pelo IGP-DI. Veja a figura 2. Não bastasse isso, no primeiro trimestre deste ano, a Argentina vendia leite ao Brasil a preço inferior ao que o produtor brasileiro recebia dificultando ainda mais qualquer reação de preço no mercado interno. Por fim, o leite encontrou sustentação nesta entressafra. O consumo de lácteos em recuperação e a forte alta observada no varejo, aliados à menor oferta fez a concorrência entre os laticínios aumentarem. O produtor gaúcho recebeu no pagamento de julho, em média, R$0,75/litro. Este valor é 2% menor que os verificados no mesmo período de 2007, mas é 5% maior que o valor médio pago em julho de 2008. Aos poucos o mercado vai se recuperando.
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