Há 5 meses o mercado de leite trabalha em baixa. Considerando a média ponderada nacional, o preço pago pelo litro de leite saiu dos R$0,74 para os atuais R$0,59. Um recuo acumulado de 20,25%, que nessa proporção não ocorria desde 2005.
O principal fator por trás desse movimento é o aumento da oferta de leite, sendo que a demanda não reagiu na mesma proporção.
Disponibilidade de leite no mercado interno
De acordo com números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a captação de leite das indústrias, no primeiro semestre de 2008, foi 13,9% mais alta que no mesmo período de 2007. O equivalente a cerca de 1,18 bilhão de litros a mais.
A exportação, no mesmo período, aumentou em 237 milhões de equivalente litros de leite. E, por outro lado, as importações recuaram.
Já descontando o volume de leite exportado, a soma da importação com a produção nacional proporcionou um aumento de 900 milhões de litros de leite na disponibilidade doméstica, apenas nos primeiros seis meses do ano, na comparação com o primeiro semestre de 2007. Observe os números oficiais na tabela 1.
Veja que somente o aumento da captação (de 1,18 bilhão de litros) foi duas vezes maior que todo o volume exportado no período.
Como a demanda não foi suficiente para absorver esse excedente, os estoques das empresas começaram a aumentar. Com isso, os preços no atacado recuaram e a pressão foi repassada aos produtores.
Agora, no segundo semestre do ano, a crise financeira mundial deu mais força ao movimento de baixa. Muito se especula que a crise está influenciando diretamente o consumo. No entanto, os números apresentados na tabela 1 mostram que o crescimento da produção já seria suficiente para “balançar” o mercado. Independente da crise, sabe-se que o consumo de leite per capita no Brasil é baixo, quando comparado a outros países. E praticamente não tem mudado nos últimos anos.
Sabendo que a população brasileira é de aproximadamente 190 milhões de habitantes, a demanda per capita de leite, apenas no primeiro semestre de 2008, teria que ter aumentado em aproximadamente 4,7 litros para que o crescimento da produção não impactasse negativamente o mercado. Algo realmente difícil de acontecer, considerando a realidade brasileira.
Os números ilustram que a cadeia produtiva precisa investir na ampliação do mercado externo. Essa é a saída, de longo prazo, para manter o mercado “equilibrado”, já que a produção brasileira cresce ano a ano.
Além da importância do mercado externo, vale ressaltar a grande oportunidade que o mercado interno representa. Se a demanda aumentasse os 4,7 litros per capita, o mercado trabalharia no mesmo ambiente de firmeza que foi registrado em 2007. Lembrando que consumo per capita brasileiro é cerca de 60 a 65 litros abaixo da recomendação mínima do Ministério da Saúde.
No curto prazo o mercado deve continuar oscilando. Hoje, por exemplo, já começam a aparecer sinais de que os preços podem se firmar. Pelo menos a retração dos preços pagos aos produtores foi bem mais leve em novembro, quando comparada aos meses anteriores. E várias indústrias indicam estabilidade para o próximo pagamento.
Vale destacar também que os preços mínimos dos lácteos, comercializados no atacado, reagiram em novembro.
Parece que o começo de 2009 pode ser melhor que o final de 2008.
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