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Scot Consultoria

Pecuária leiteira e a atenção para 2007


Sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007 - 16h57

O ano de 2006 registrou o pior nível médio de preço já pago para o produtor de leite. O valor médio, corrigido pelo IGP-DI, foi 8,2% inferior ao de 2001, que até então havia sido o ano de piores preços do leite. Observe, na figura 1, os preços médios nacionais pagos pelo leite entre os anos de 1998 e 2006. O valor médio nacional é calculado a partir da média ponderada entre os Estados. Calcula-se o preço médio regional e o volume produzido para compor a média ponderada, por Estado, e nacional. A Scot Consultoria acompanha o mercado desde o início de 1998. Embora os preços tenham sido extremamente baixos em 2006, os resultados das fazendas leiteiras não recuaram proporcionalmente. Enquanto o faturamento caiu por conta dos preços do leite, o mercado de concentrados garantiu certo alívio nos custos de produção. Nos últimos anos, a queda nos preços dos alimentos favoreceu o produtor de leite. Em 2006 os preços do milho e do farelo de soja ficaram nos patamares mais baixos desde o início da década, em 2001. Farelo de soja e milho são os alimentos tradicionalmente tidos como nobres na nutrição de ruminantes. Praticamente determinam o comportamento dos preços dos demais alimentos concentrados. Os preços de outros concentrados, que cada vez mais vão se consolidando como componentes das dietas, recuaram um pouco menos em relação ao farelo de soja e milho. Sendo assim, com exceção do farelo proteinoso de milho (refinazil/promill), os preços mais baixos não foram registrados em 2006, mas em 2004 e em 2005, dependendo do alimento. Provavelmente, tal comportamento tenha ocorrido justamente pelo aumento da procura por parte dos produtores que ainda relutavam em substituir os alimentos mais nobres. Também há o fator da gripe aviária e da crise da suinocultura em 2006, que acabaram por reduzir a procura por alimentos. Ambas as atividades concorrem pela compra dos alimentos mais nobres, como farelo de soja e milho. Na figura 2 estão o comportamento dos preços do milho, farelo de soja, farelo de algodão, caroço de algodão, farelo proteinoso de milho, farelo de trigo e polpa cítrica, entre os anos de 2001 e 2007. Todos os valores estão corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna). Mesmo assim, em 2006 os preços de todos os concentrados estiveram abaixo da média do período entre 2001 e 2005. Em média, o valor dos alimentos fontes de proteína estiveram 23,3% inferiores em 2006, quando comparados aos valores médios corrigidos do período de 2001 a 2005. Os concentrados, fontes de energia, ficaram em valores 14,3% mais baixos em 2006 quando comparados com o mesmo período. Vale lembrar que os preços dos concentrados permaneceram em queda por cerca de três anos, como pode se observar na figura 2. Portanto, a própria média do período já vem se reduzindo ao longo desses três anos. Observe, na tabela 1, os preços médios anuais, corrigidos pelo IGP-DI, dos concentrados apresentados na figura 2. O mercado de grãos, e concentrados em geral, é de grande importância para o setor leiteiro, tendo em vista a participação dos alimentos na composição dos custos de produção. Os concentrados representam entre 25% a 35% dos custos das fazendas leiteiras. Embora o comportamento dos concentrados favoreça o produtor rural, os custos de produção de 2006 aumentaram sensivelmente, quando comparados aos de 2005. Num cenário onde tudo indicava que ocorreria redução nos custos de produção, como vinha acontecendo nos anos anteriores, foi registrado um aumento de 1,85% nos custos operacionais de produção em 2006, segundo estimativas da Scot Consultoria. Observe, na tabela 2, as evoluções médias nos preços e valores dos componentes de custos, a participação nos custos operacionais e o impacto que causaram nos custos de produção. Embora quase todos os preços tenham recuado, a manutenção, o diesel e, principalmente, os salários pressionaram o custo de produção. O aumento é pouco, mesmo porque houve redução nos anos anteriores. O IGP-DI, no mesmo período analisado para os insumos e serviços relacionados na tabela 2, evoluiu 1,48%. Com o aumento de 1,85% nos custos de produção, e com os preços do leite 7% inferiores, em valores nominais, o produtor passou mais apertado em 2006 do que em 2005. Pode-se dizer que houve aumento na escala mínima de produtividade para que a produção leiteira continuasse no azul, sem prejuízos operacionais. A escala de produtividade independe do volume de produção. Há quem produza 200 litros de leite por dia com alta produtividade e há quem produza 5 mil litros por dia com baixa produtividade. PERSPECTIVAS Voltando à tabela 1, referente aos preços dos concentrados, pode-se observar que nos meses de janeiro e fevereiro de 2007, os valores dos alimentos superam a média de preços de 2006. No início de 2007, os alimentos protéicos foram negociados a preços 9,4% mais altos em relação à média de 2006. Os energéticos, de maior importância na dieta de vacas leiteiras, ficaram em patamares 17,8% maiores. O milho, por exemplo, foi negociado, em valores reais, a preços 33% mais altos que os praticados em 2006. Embora sejam esperadas reduções nas cotações com a entrada do período de safra, os valores certamente serão mais altos do que os do ano anterior. É a agricultura se recuperando da crise de preços. Sendo assim, em 2007 vai ocorrer aumento dos custos de produção do leite. Por outro lado, a perspectiva é também de aumento nos preços que serão pagos pelo leite. Mesmo com o dólar baixo, o mercado trabalha com boas perspectivas de preços para 2007. Por diversos fatores, o mercado é otimista. No entanto, recomenda-se muita cautela e muita atenção com os custos de produção em 2007. Atenção redobrada nas cotações de alimentos concentrados, eventuais substituições na dieta e garantia de boas compras podem significar a diferença nos resultados ao longo do ano. Este ano, especialmente, o mercado de concentrados tende a permanecer “bagunçado”, como se diz no campo. Em outras palavras, os preços poderão oscilar de maneira pouco convencional quando se compara um alimento com outro. Será um ano de ajustes no mercado de grãos e sub-produtos da indústria.
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