Boi gordo: volatilidade de R$50,00/@ em sessenta dias

Os mercados futuros agrícolas não tiveram alívio nos últimos 60 dias. 

A volatilidade foi alta, as quedas foram praticamente sequenciais, corrigindo o movimento da construção de preço que foi feita durante os anos anteriores. 

Desde 16/2/23, a arroba do boi gordo, na B3, recuou cerca de R$53,00 em um movimento rápido e forte, mesmo com a rápida resolução do caso atípico de EEB por parte China e a notícia mais recente da liberação da carne produzida antes deste caso. Veja na figura 1. 

Figura 1.
Preço sequencial do contrato futuro do boi gordo desde o início de 2021.

Fonte: Broadcast

Pelo lado da indústria, observa-se que o volume de animais negociados abaixo de R$280,00/@, à vista, é mínimo nos últimos dias, seja para grandes indústrias ou àquelas de pequeno porte. 

Pelo lado dos prestadores de serviço de confinamento, é difícil abrir valores em relação à rentabilidade e à viabilidade do negócio, mas é fato que o interesse do pecuarista/investidor também recuou bem nesses últimos dias. O reflexo deste desinteresse deve ser percebido já a partir de julho. 

Possivelmente esse sentimento já deve ser sentido nos principais confinadores na saída de animais de maio em relação à saída de abril, em função do caso atípico de EEB, que trouxe incertezas na volta do Carnaval. Diferente do boi de pasto, a oferta de animais confinados e de “boi China” se regula mais rápido. 

Com essa derrocada de preços, parte dos pecuaristas também tem tentado comprar seguro de preços mínimos neste momento. A volatilidade subiu e os preços do futuro caíram, o que também inviabiliza a compra do seguro de preço mínimo com custos atrativos. A comparação deste momento seria quase que “comprar um cadeado após o ladrão já estar dentro da casa”.

Tabela 1.
Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.

Fonte: Cepea/Esalq - B3