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Scot Consultoria

Extremos opostos


Terça-feira, 27 de setembro de 2022 - 12h00

A cadeia produtiva da pecuária de corte vive, no Brasil, um momento de extremos totalmente opostos. De um lado o confinador que, pelo segundo ano consecutivo, vai ter que entregar seus animais entre setembro e outubro significativamente abaixo do custo de produção. Do outro a realidade das indústrias exportadoras, sobretudo China, que operam em um verdadeiro mar de rosas, quebrando recorde de volume e de faturamento mês após mês. 


Depois do recorde de volume embarcado quebrado em agosto, com 203 mil toneladas de carne bovina in natura exportadas, setembro caminha a passos largos para mais uma quebra de recorde, com 114 mil toneladas embarcadas até o dia 16 de setembro. 


Para se ter uma ideia do bom momento vivido pelo setor exportador, basta comparar os números de agosto/22 com os de um ano atrás, onde temos alta de 12% em volume, 8% no preço médio da tonelada em dólares e 21% de aumento no faturamento em dólares. Isso tudo com preços do boi gordo apresentando ligeira queda de um ano para o outro (média do indicador Cepea/Esalq de R$313,39/@ em agosto de 2022 e R$315,08/@ em agosto 2021). 


O custo da matéria-prima ficou praticamente estável ou com ligeira queda, com boa evolução dos volumes exportados e preços negociados. 


Estes extremos opostos não se limitam apenas entre elos da pecuária nacional, mas atualmente ocorrem até mesmo em praças vizinhas. 


A redução do ritmo de negócios com escalas confortáveis, parcerias firmadas que garantem o abate até meados de outubro e a concentração de plantas China em São Paulo são fatores que têm colaborado à distorção das cotações da arroba frente às demais praças pecuárias. Veja, na tabela 1, o diferencial de base do dia 20 de setembro, frente a diferentes períodos no ano.


Tabela 1. Diferencial de base de São Paulo e outras praças pecuárias em diferentes períodos.

Fonte: Radar Investimentos / Broadcast 


Note a grande diferença do diferencial de base recentemente frente à composição histórica de 100 dias e 1 ano. A praça de Triangulo Mineiro é “colada” com São Paulo e uma diferença de 11,31% do boi paulista e o boi mineiro não faz sentido historicamente. 


Os fatores mencionados anteriormente criam um ambiente natural de sustentação para o “boi China” em São Paulo, mas a comparação com oito praças pecuárias fortes sugerem alguma distorção dos preços paulistas em relação aos demais. 


Estes extremos opostos que geram distorções, seja dentro dos elos da pecuária, ou até mesmo entre praças, tendem a ter correções. O pecuarista já corre tantos riscos, seja de mortalidade, pressão ambiental ou pressão da agricultura, que vale a pena ele ficar atento a estas distorções e terceirizar o risco de mercado com as ferramentas de proteção de preço da B3.


Tabela 2. Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.

Fonte: Cepea/Esalq - B3



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