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Scot Consultoria

O ano da volatilidade


Segunda-feira, 3 de janeiro de 2022 - 12h00

O ano foi caracterizado pela forte volatilidade, tanto no mercado físico como no mercado futuro. As oscilações de preço que levaram pecuaristas e frigoríficos do céu ao inferno em questão de semanas. Acompanhe no gráfico abaixo a evolução dos preços e da  volatilidade do mercado ao longo de 2021.


O ano começou com os preços em níveis relativamente baixos, com o boi gordo em São Paulo cotado ao redor de R$ 270,00/@ e as cotações foram ganhando força durante a safra chegando em junho no patamar recorde histórico até então nos R$ 320,00/@. Nesse valor, os preços acabaram encontrando um certo equilíbrio, permanecendo nesses níveis até o final de agosto.


Com o físico em alta, o mercado futuro manteve sempre uma curva ascendente, com a cotação do contrato out21 chegando na máxima a R$ 345,00/@ no início do mês de junho. Para quem quis gerenciar o seu risco de preços, essa foi uma oportunidade de ouro, já que  no momento em que a maioria do gado da entressafra estava entrando no cocho, o mercado futuro deu a oportunidade de travar preços de venda extremamente remuneradores mesmo frente aos altos custos de boi magro e alimentação enfrentados na época. Quem tomou essa decisão enfrentou toda a turbulência que viria no segundo semestre numa condição bastante favorável.


Até o final de agosto, com os preços do físico e do futuro subindo, o produtor estava no céu, mas em 03/09 com a divulgação pelo MAPA dos dois casos atípicos de BSE nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso, e o consequente embargo da China às nossas exportações, a situação virou literalmente de ponta cabeça. Sem o maior comprador externo brasileiro, responsável pela compra de 60% de nossas exportações, e com um volume maior de animais no confinamento, os preços iniciaram uma forte trajetória de queda que culminou com a mínima do ano em R$ 254,10/@ no final de outubro.


Esse período de 75 dias entre início de setembro e meados de novembro com certeza ficará na memória de todo produtor brasileiro, que saiu de uma situação de euforia e ótimos resultados, para uma situação de desespero e prejuízos recordes em tão pouco tempo. Na tentativa desesperada de mitigar as perdas diante da queda dos preços houve até quem tomasse a decisão de “desconfinar” os animais, soltando bois gordos que já estavam há mais de 100 dias no cocho de volta às pastagens, com toda ineficiência e riscos que isso representava.


Depois de atingir o fundo do poço, os preços foram lentamente se recuperando, mesmo sem a presença da China no mercado e a recuperação dos preços foi um verdadeiro “V”, como pôde ser observado no gráfico, inclusive com os preços atingindo novas máximas no ano até mesmo antes da China anunciar a retomada das compras, que aconteceu em 15/12/2021. A partir daí, os preços seguiram a trajetória de alta, com o preço em São Paulo cravando o novo recorde nominal em R$ 327,75/@ em 21/12/2021.


O principal ensinamento do ano de 2021 foi que ter nossas vendas externas com uma concentração excessiva em um único comprador é um risco muito grande para toda a cadeia pecuária. Os prejuízos para produtores e indústria com a saída da China das compras foram enormes e quem tinha algum mecanismo de proteção de preços conseguiu atravessar esse momento sem maiores problemas. Para 2022 a nova realidade da pecuária será de custos altíssimos (comida e boi magro) em um ambiente de alta volatilidade de preços. A diferença entre o lucro ou prejuízo, além da eficiência produtiva, será uma boa gestão desses riscos, portanto para quem ainda não conhece as ferramentas disponíveis, nunca é tarde para aprender!


FIGURA 1. Volatilidade de preços no mercado futuro (eixo da esquerda) e preços do boi gordo no mercado físico (direita).



Fonte: Cepea/Esalq - B3



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