Para o alto e avante!

O boi gordo sempre teve o histórico de ser a commodity com menor volatilidade dentre todas as negociadas na B3, porém, em 2021, esse tabu foi definitivamente quebrado. O nível de volatilidade apresentado pelo mercado em 2021 foi sem dúvida o maior da história e não deixou nada a desejar aos mercados mais voláteis do mundo.

O evento mais recente foi a subida impressionante que trouxe o boi de R$260,00/@ em São Paulo para os atuais R$305,00/@ do Indicador Esalq à vista, inclusive com comentários de negócios nas máximas rondando os R$320,00/@. A velocidade e a magnitude do movimento assustaram a todos e diante de um movimento tão brusco, sempre fica a dúvida de até onde os preços podem ir.

A atitude dos pecuaristas foi diminuir e cadenciar as vendas esperando até onde o apetite das indústrias levará os preços no curto prazo. Essa mudança tão rápida na postura das indústrias pegou a todos de surpresa e a pergunta que mais se ouve é: “O que está por trás desse movimento?”.

Seria alguma sinalização da retomada de China? Medo da falta de oferta a frente? Expectativa de melhor venda de carne no mercado interno no fim do ano? Seja qual for a resposta, o volume ofertado vai continuar pequeno até que um novo preço de equilíbrio seja formado e no curtíssimo prazo tudo leva a crer que esse equilíbrio se dará sem a China nas compras. Logicamente que ninguém sabe quando as compras serão retomadas, porém as sinalizações recentes apontam para a volta somente em 2022.

Por mais que, na exportação, a indústria tenha conseguido retomar mercados e expandir outros, como o caso dos EUA, o volume e preço que a China pagava ainda são insubstituíveis e fazem muita falta. Para se ter uma ideia do tamanho do buraco, em setembro, último mês com volume relevante enviado à China, o Brasil exportou 185 mil toneladas de carne bovina. Tendo os dados preliminares de novembro como base, nesse mês exportaremos apenas 75 mil toneladas, ou apenas 40% desse total.

A máxima do ano até agora foi ao redor de R$320,00/@ em São Paulo com volumes recordes exportados para a China. Será que conseguiremos superar esse patamar sem nosso principal parceiro comercial? Façam suas apostas... A margem da indústria no mercado interno vai ditar o limite desse movimento.

TABELA 1. Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.

Fonte: Cepea/Esalq - B3