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Scot Consultoria

Entressafra antecipada


Quinta-feira, 4 de junho de 2020 - 14h40

Conforme vínhamos abordando por diversas vezes nos últimos artigos neste espaço, o boi gordo teve todos os motivos do mundo para cair durante a safra. Apenas para citar alguns, crise econômica do coronavírus, diminuição das importações da Europa, desemprego recorde, diferencial recorde entre boi x frango e boi x suíno, diferenciais de base em níveis recordes, férias coletivas em várias indústrias, estiagem de mais de 40 dias em São Paulo e Mato Grosso do Sul, frentes frias derrubando a temperatura, apenas para citar os mais relevantes. O impacto disso tudo nos preços durante a safra, quando a oferta teoricamente é melhor, foi nulo. Terminamos maio com preços acima do que tínhamos em janeiro e fevereiro, antes da crise do coronavírus.


Diante dessa enorme resiliência, a questão que não para de ser feita é: como ficarão os preços na entressafra, especialmente nos próximos meses com a expectativa de diminuição significativa no volume de animais confinados? Com relação à demanda, ninguém tem grandes expectativas para o mercado interno, que tende a seguir bastante fraco na esteira da crise econômica atual, porém, as exportações podem voltar a ganhar relevância com mercados como a Europa, que estiveram praticamente ausentes no primeiro semestre, voltando às compras de forma mais consistente. Outro fator primordial para o rumo dos preços será o apetite da China para a carne brasileira. As últimas notícias dão conta de que os chineses vêm oferecendo preços mais baixos em dólares nas últimas negociações, porém, as indústrias não têm cedido a essa pressão baixista, já que o déficit de proteína chinês neste ano deixa seus importadores numa posição delicada na negociação.


Independente da demanda interna ser ruim ou péssima e da demanda externa ser boa ou ótima, o principal driver de mercado tende a ser a baixa disponibilidade de bois de confinamento e semiconfinamento para os próximos meses e o reflexo nos preços será tão maior quanto maior for o apetite chinês. A escalada de preços já começou em praticamente todos os estados do Brasil, porém, sem conseguir trazer mais oferta para o mercado nos preços novos.


No mercado futuro a precificação segue sem absolutamente nenhuma criatividade, com toda a curva de preços, de junho a outubro, balizada exatamente no mesmo patamar ao redor de R$ 205,50/@, que, por sua vez, é a referência de preços no mercado físico em São Paulo. O desincentivo ao confinamento gerado pela curva de preços sem ágio de safra x entressafra no primeiro semestre começa a cobrar seu preço pela falta de animais. A oferta de julho e agosto já está comprometida, resta saber se a alta de preços atual conseguirá incentivar a oferta para o restante do ano. A conferir.




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