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Scot Consultoria

Retrospectiva 2016


Quinta-feira, 29 de dezembro de 2016 - 14h30

O ano de 2016 será um ano que, muito provavelmente, não deixará saudades para a maioria dos brasileiros. Todos os tumultos enfrentados no ambiente macroeconômico e na política afetaram de forma decisiva a vida de todos e muitas decisões de investimentos foram adiadas, ou simplesmente canceladas, devido às instabilidades enfrentadas. Na agropecuária a situação foi ainda mais difícil, porque além de lidar com esses problemas inerentes a todos os setores da economia, o produtor ainda teve que enfrentar as incertezas climáticas, e nesse aspecto o ano de 2016 foi especialmente perverso com o La Niña, estiagem prolongadas, quebra de produção, milho em preços recordes, etc. etc.


Para a pecuária o ano de 2016 começou positivo, com preços subindo na safra, que começou em janeiro ao redor de R$148,00/@ em São Paulo, subindo até a máxima do ano no início de abril ao redor dos R$160,00/@, porém, a partir daí, o mercado perdeu sustentação e recuou até atingir novamente os R$148,00/@ no final de agosto para permanecer sem nenhuma volatilidade desde então, oscilando entre R$148,00/@ e R$152,00/@ até o final do ano. Se para os produtores de São Paulo esse cenário de preços em queda em plena entressafra já era ruim o suficiente, para as operações fora de São Paulo foi ainda mais difícil, com o diferencial de base oscilando até mais do que a oscilação do preço em si. Acompanhe na figura 1.



Reparem como os diferenciais de base oscilam entre extremos, com máximas de -12,0% para Campo Grande, -13,0% para Goiânia e -16,0% para Cuiabá, para mínimas de -4,0% em Campo Grande e Goiânia e -8,0% para Cuiabá. Com os problemas com a recuperação de ICMS no estado de São Paulo e a maior concentração de plantas exportadoras habilitadas, as máximas do diferencial de base foram atingidas no início do ano e diante de valores tão acima da média, o fluxo de animais de outros estados para São Paulo se intensificou. Além disso, devido à possibilidade de substituição do milho por subprodutos na dieta do confinamento, a busca de boi magro de fora do estado também foi grande, possibilitando às indústrias paulistas um fluxo de oferta na entressafra que se não foi grande, pelo menos foi o suficiente para atender a pouca demanda existente. Esse cenário de melhor oferta relativa em São Paulo no último trimestre do ano é o que tem feito o diferencial de base voltar a patamares abaixo da média histórica.


Mais do que as dificuldades enfrentadas, porém, 2016 será lembrado como o ano das oportunidades perdidas. Diante da melhora das exportações no primeiro semestre e da expectativa de diminuição do confinamento na esteira da quebra da safrinha de milho, o mercado futuro precificava boas altas para o boi no segundo semestre. O contrato de out/16 ficou por mais de dois meses acima de R$165,00/@, com máximas próximas a R$168,00/@, sendo que isso ocorreu entre maio e junho, ou seja, justamente nos meses onde estava sendo implementada a estratégia de venda dos confinadores. Nessa época o diferencial, ou carrego, entre o indicador à vista e o contrato de out/16 atingiu seu maior valor no ano, com mais de R$13,00 de diferença entre a safra e a entressafra. Acompanhe na figura 2:



Toda essa alta, no entanto, não foi suficiente para atrair a atenção de muitos produtores e a grande maioria acabou não fixando por acreditar num cenário mais promissor para o final do ano. Infelizmente esse cenário não se concretizou e o resultado ainda está bastante fresco na cabeça de todos. Um dos velhos ditados do mercado financeiro, diz que quando você perder dinheiro, pelo menos não perca a lição. É chover no molhado repetir o velho mantra de que a gestão de risco no confinamento é fundamental, que o investimento é muito grande para ficar sem nenhum tipo de proteção, etc. etc. Hoje 2016 já é passado, mas infelizmente o cenário que se desenha para 2017 também é muito desafiador e apesar de uma sensível melhora no custo da alimentação ser esperada, o carrego do estoque de animais a custo alto será um grande desafio para rentabilizar a atividade em 2017. Nesse cenário uma gestão ativa será ainda mais importante e aproveitar as oportunidades que aparecerem pode ser a diferença em permanecer ou não na atividade. Esperamos poder continuar contribuindo com os amigos leitores na difícil tarefa de atravessar cenários tão complicados como o que se espera para 2017. Contem conosco.


Um ótimo 2017 a todos!



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