Começa a aumentar demanda por hedge para 2017

A falta de capacidade de reação dos preços do boi neste final de ano tem acendido um sinal amarelo para muitos produtores com relação aos preços de 2017. A crise econômica e o consequente aumento do desemprego tiveram impacto muito grande no consumo de carne bovina e a expectativa que os efeitos perversos dessa combinação persistam para 2017 tem mexido com as expectativas de grande parte dos participantes do mercado.

Além desses fatores, o fato de os negócios abaixo do importante patamar de preços de R$150,00/@, em São Paulo, começarem a sair com alguma frequência, em um momento de oferta ainda restrita, também colaborou para que o medo de quedas maiores se intensificasse. No entanto, o principal fator que vem chamando a atenção para possibilidade de quedas maiores tem sido os preços da reposição. Hoje já não é incomum conseguir comprar bois magros praticamente sem ágio com relação ao preço do boi gordo. Mesmo nas categorias mais leves o ágio embutido diminuiu sensivelmente com relação ao que vinha sendo praticado, mesmo nos melhores momentos do ano até agora. Se por um lado isso gera um certo desconforto em quem carrega estoque de animais mais caros, por outro, abre boas oportunidades de negócios para quem está iniciando ou aumentando suas compras agora.

Esses fatores, somados à expectativa de sensível redução dos custos com a alimentação, na esteira do aumento da oferta de milho, tem levado a um aumento nas consultas e efetivação de negócios de proteção de preço para a safra de 2017 e, em alguns casos, até mesmo para outubro de 2017.

Tomando como referência a curva de preços da safra 2017 pelos preços de fechamento do mercado futuro de ontem (14/12), a expectativa de custo para seguros de preços mínimos seria a seguinte.

Para quem não quiser desembolsar os valores para comprar seguro de preço mínimo, uma alternativa seria fazer operações de preços mínimos e máximos a custo zero. Tendo como referência básica, intervalos de preços com valores de igual magnitude  acima e abaixo do preço do mercado futuro podem ser adquiridos a custo zero. Por exemplo, com o mês de fevereiro a 147,00/@ podem-se construir intervalos de preço mínimo de 145,00/@ e máximo de 149,00/@, ou preço mínimo de 144,00/@ e máximo de 150,00/@ e assim por diante, sem ter que pagar o prêmio da operação, os únicos custos seriam a corretagem e emolumentos. Essa operação, no entanto, necessita de depósito de margem de garantia e de um acompanhamento mais próximo do mercado, por isso o auxílio de um profissional com experiência no mercado de opções é fundamental.

A memória das dificuldades enfrentadas para quem não travou preços em 2016 ainda está bastante fresca na cabeça de todos os produtores, por isso a tendência é que os negócios com esse tipo de proteção tenham um sensível aumento em 2017. A mecânica da operação é bastante simples e os custos envolvidos são acessíveis, bastando ter conta em alguma corretora da BVMF com uma mesa agrícola ativa para efetivar os negócios.