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Scot Consultoria

Briga por margem


Sexta-feira, 13 de novembro de 2015 - 15h04

O mercado físico de boi godo tem andado de lado sem muita movimentação nas últimas semanas. Aparentemente a oferta está adequada à demanda, pois no mercado atacadista de carne com osso também não houve variações de preços. Essa estabilidade tanto da carne como do boi tem sido a realidade do mercado nos últimos quinze dias e nessa situação fica até difícil escrever algo que não seja muito repetitivo.


Apesar da estabilidade do físico, o Indicador Esalq à vista teve alguma variação na semana, subindo de R$148,51/@ para R$149,88/@, para depois retomar o patamar de R$148,52/@. Com essa "volatilidade" inesperada, o mercado futuro também acabou subindo, com nov/15 chegando a R$150,00/@ e dez/15 a R$151,00/@, porém a realidade das escalas mais confortáveis no mercado físico impediu que a alta continuasse e o movimento perdeu força com o mercado futuro operando em baixa no pregão de 11/11 e de 12/11, com nov/15 negociado a R$149,10/@ e dez/15 a R$150,00/@. O que tem se mantido intacto nas últimas semanas é a tendência de diminuição do ágio no mercado futuro. Após chegar a impressionantes R$4,50/@ em meados de outubro, esse ágio caiu para apenas R$0,50/@ para o novembro e R$1,50/@ para o dezembro atualmente.


A diminuição da expectativa altista no curto prazo tem muito a ver com o alongamento recente das escalas de abate, com algumas indústrias em São Paulo reportando escalas fechadas para o mês de novembro. É bem verdade que muito dessas escalas são compostas por animais negociados previamente a termo, porém o fato é que no geral mesmo as indústrias menores, que não tem essa modalidade de negociação, tem conseguido se abastecer de forma satisfatória.


O que chama a atenção é que mesmo com as escalas longas, não tem ocorrido pressão significativa por baixa de preços no mercado e isso tem muito a ver com a margem das indústrias que está no melhor patamar dos últimos anos. Acompanhe na figura1, como após o ajuste na capacidade de abate ocorrido em meados de 2015, as margens no mercado interno deram um salto e permaneceram nesse patamar bastante favorável desde então. Com a divulgação dos balanços recentes das indústrias de capital aberto, pode-se analisar com números esse impacto. As reduções das vendas de -13,1%, -12,4% e -16,7% YoY da JBS, Marfrig e Minerva (respectivamente) no mercado interno mostram a mudança de postura destas companhias, com redução de volumes no mercado interno e aumento no mercado externo visando a preservação das margens positivas. Acompanhe na tabela 1 o resumo das mudanças do mix de vendas das três indústrias.







Nos preços atuais, é nítido que está sendo muito mais importante para as indústrias terem boi na escala do que pressionar por preços menores, por isso mesmo com escalas longas os preços têm se mantido, resta saber qual será a atitude frente à uma possível retração de oferta mais à frente. O apetite de compra se manteria, havendo espaço para maiores valorizações no boi? Ou a briga para manutenção das margens frente à dificuldade de repasse de preços seguraria o movimento de alta? A diminuição do ágio na curva de preços nos faz crer que atualmente o mercado futuro parece acreditar mais na segunda hipótese.



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