Diferencial de Base

Quem usa o mercado futuro de boi gordo na BVMF e engorda boiadas em outros estados fora de São Paulo tem no diferencial de base a maior dificuldade para a gestão eficiente do risco de preços da sua produção. 

Para quem não está familiarizado com o termo, o diferencial de base se refere à diferença dos preços da praça de São Paulo (Indicador Esalq à vista e referência para os negócios no mercado futuro) e as demais praças pecuárias no Brasil. 

Quando se opera em bolsa, o preço travado é o preço de São Paulo, portanto, se o diferencial de base abrir, isso significa que o boi de outros estados se desvalorizou na comparação com São Paulo e se o diferencial de base fechar isso significa que os bois de fora de São Paulo se valorizaram.

A única forma de gerenciar este diferencial é diretamente com os frigoríficos, negociando a diferença de preços frente ao Índice ESALQ à vista. Apesar de ter variações, as oscilações do diferencial de base tendem a ocorrer dentro de intervalos relativamente constantes. Analisar o histórico e ser conservador no diferencial é considerado a melhor estratégia para evitar surpresas desagradáveis.

Nas últimas semanas, os diferencias de dois estados importantes na pecuária, Mato Grosso e Goiás tiveram comportamentos bastante distintos. Compare nas figuras ao lado. Repare que enquanto o diferencial de base São Paulo x Goiás abriu e está atualmente nas máximas históricas ao redor de -R$13,00/@, o diferencial São Paulo x Cuiabá fechou em -R$10,00/@.

Este comportamento tem intrigado os analistas, uma vez que o Mato Grosso é o dono do maior rebanho do Brasil e possui maior concentração de plantas frigoríficas. 

Independentemente dos motivos para esse comportamento, essa é uma boa notícia para os pecuaristas do Mato Grosso, que ainda não negociaram com os frigoríficos os diferencias para essa entressafra e podem fixar valores favoráveis. Com a expectativa de aumento do confinamento no Mato Grosso, este diferencial tende a aumentar na entressafra.