Safra com cara de safra

Com a forte e inesperada seca que acometeu o Centro-Oeste do país no início do ano, a pressão vendedora na época foi bastante forte, com o indicador Esalq à vista fazendo sua mínima do ano até o momento a R$93,30/@ no dia 12/3.

Após isso, o mercado físico veio se recuperando de forma lenta, mas o mercado futuro ainda se comportava como se a safra tivesse acabado, com o contrato de maio sendo negociado acima do Índice Esalq à vista, na maior parte do tempo, como pode ser observado na figura 1, onde valores negativos significam maio/12 acima do ESALQ.

Abordamos por algumas vezes neste espaço o fato dessa precificação representar uma boa oportunidade de proteção via compra de opções de venda para o final da safra, com a decisão financeira mais lógica sendo a de manter os animais em engorda e abatê-los no final da safra já com o preço mínimo garantido.

Não costuma ser prudente subestimar a força da safra e da entressafra nos mercados agrícolas em geral e, este ano parece ter sido novamente esse o caso.

Atualmente a pressão vendedora é presente em todo Brasil, mas sobretudo nos estados do Centro-Oeste tem sido bastante grande e nem mesmo a boa margem apresentada pela indústria ultimamente e nem a alta do dólar foram suficientes para segurar o movimento. As escalas de abate estão longas como há muito tempo não se via e em alguns casos chegando até a 8 dias úteis, com programações para até o dia 22/5. Como não podia deixar de ser, isso implica em bons estoques de carne, com a expectativa de boas vendas para este fim de semana com o dia das mães. Caso ocorra alguma frustração de consumo neste fim de semana, a pressão vendedora aliada à alguma dificuldade no escoamento da carne pode dificultar ainda mais a vida de quem tem bois prontos para o abate neste final de mês.

Atualmente, o mercado permanece com uma precificação otimista para a entressafra, com o diferencial maio x out se mantendo em 8,50%, mesmo com oscustos como boi magro e alimentação evoluindo de maneira bastante favorável ao confinamento neste ano, o que certamente impactará num aumento do confinamento "oportunista", ou seja, aquele que não existe no planejamento inicial da atividade agrícola, mas que acontece quando a relação de custo x preços futuros é favorável. Com a opção de engorda em parceria, essa modalidade deve ter um crescimento considerável neste ano, resta saber o impacto que isso terá nos preços da entressafra.