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Scot Consultoria

Parou a queda?


Quinta-feira, 20 de maio de 2010 - 15h43

Após o aumento de oferta típico de final de safra e a queda de preços em todas as praças do país, parece que o mercado encontrou um certo suporte. O Índice ESALQ à vista que havia feito mínima em R$79,56/@ na última sexta-feira, dia 14/05, esteve em alta em todos os dias dessa semana, recuperando-se para R$80,22/@ à vista no dia 19/05. Ao que tudo indica a disposição dos pecuaristas de São Paulo de vender abaixo de R$80,00/@, a prazo, livre de funrural, foi bastante pontual e não teve força nem volume para forçar maiores quedas. Esse movimento de recuperação de preços do Índice ESALQ à vista chama a atenção por ocorrer em um momento onde muitos fatores jogam contra a expectativa de firmeza de preços no mercado físico. Os preços da carne vêm caindo sistematicamente desde o início do mês, com o dianteiro caindo de R$4,15/kg para os atuais R$3,85/kg, queda, portanto, de 7,23%, e traseiro recuando de R$6,28/kg para R$6,03/kg, queda de 3,82%. No mesmo período o índice ESALQ à vista recuou de R$80,93/@ para R$80,22/@, queda de apenas 0,87%, aumentando ainda mais a pressão de custos na indústria Além disto, a previsão de uma forte frente fria derrubando a temperatura em SP, MS e até GO deveria, na teoria, ser mais um fator para o aumento da oferta, porém, não foi o que aconteceu na realidade. Somado a todos estes fatores baixistas, temos ainda o agravamento da crise na Europa, trazendo instabilidade ao mercado internacional, com potencial de afetar as vendas externas de todas as commodities, incluindo aí a carne. Do lado altista, temos a relação de troca, que não pára de piorar, fazendo mínima após mínima, chegando até os 1,80 bezerro/boi, no dia 18/05. Para se ter uma idéia do quão ruim esse número é, antes desta piora recente, o recorde de baixa da série histórica havia sido 1,92, em 26/04 de 2002. Outro fator altista é o dólar, que com o stress gerado pela nova crise internacional voltou a subir forte, chegando próximo de R$1,90, melhorando assim a margem dos exportadores. De todo modo, por mais que o movimento do físico contrarie os fundamentos, o fato é que ele foi suficiente para tirar a inércia do contrato de out10, que após falhar por 16 vezes em romper com consistência abaixo de R$84,00/@ se recuperou e voltou a operar acima de R$85,00, chegando até a máxima recente a R$85,35/@ no meio dia de 20/05, com aumento do volume de negócios no mercado futuro e de opções. A alta atual dos contratos de entressafra não deixa de ser uma boa notícia para os pecuaristas que ainda não fizeram nenhum tipo de proteção de preços para este período, porém, a precificação atual do mercado futuro permanece bastante tímida, com diferenciais bastante pequenos entre os meses e sem cara de uma “curva de preços” de mercado futuro de boi, como seria de se esperar, tendo o referencial histórico como base. Aliás, não só o diferencial entre os meses está apertado, mas também os diferenciais entre as diversas praças pecuárias e São Paulo, os chamado diferenciais de base, estão nas mínimas recentes. Atualmente, a demanda por carne no mercado externo e interno não é tão forte a ponto de ser o principal “driver” para o aumento recente de preços, que parece estar relacionado muito mais com a questão da oferta de bois. Estamos em maio, mês tradicional de maior oferta de bois e de queda de preços, que não vem ocorrendo, lembrando novamente os anos de 2008 e 2009 e trazendo muitos questionamentos sobre se a entressafra passa a ser agora no primeiro semestre ou se ela continuará sendo no segundo semestre conforme a história da pecuária nos mostra. O comportamento da oferta nas próximas semanas deve nos trazer boas indicações sobre qual realidade teremos.
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