Cai a temperatura e o sebo vai atrás

O mercado do couro verde está andando de lado, com poucos negócios e muitas incertezas. As vendas externas estão fracas e assim tendem a se manter, principalmente agora com a aproximação do período de férias na Europa. O dólar ao menos parou de cair, mas se estabilizou num patamar (entre R$1,90 e R$1,97) que não agrada nem um pouco os curtumes. Diante desse cenário, a pressão sobre o couro verde ainda é de baixa. Os valores só não recuaram mais em função da resistência dos frigoríficos, da produção de peles não registrar um bom desempenho (em função da morosidade dos abates) e do fato de haver certo sentimento de que o mercado já caiu demais. EFEITO DO FRIO O mercado do sebo está frouxo. Foram registrados negócios abaixo de R$1,35/kg fora de São Paulo. A questão é que, com o frio, a demanda pelo produto literalmente esfria. Tanto por parte do setor de higiene e limpeza (motivos óbvios), como por parte das indústrias de biodiesel. O problema do sebo na fabricação de biocombustível é que, a temperaturas mais ou menos abaixo de 22ºC, ele tende a cristalizar (o óleo de soja agüenta até 5ºC). Isso faz com que aumente a demanda pelo óleo de soja, em detrimento da gordura de origem animal. Tanto é que um trabalho realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, encomendado pelo Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), recomenda que não seja feito biodiesel com uso exclusivo de sebo. Alguns especialistas, no entanto, afirmam que com tecnologia adequada para a transesterificação (processo de produção de biodiesel que origina um éster de ácido graxo e glicerol como subproduto) do sebo, a cristalização não acontece. De toda forma, seja por inadequações ao longo do processo produtivo ou por características intrínsecas ao produto, o sebo encontra limitações de uso para a produção de biodiesel quando as temperaturas caem e, os efeitos sobre o mercado são diretos.
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