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Scot Consultoria

Analisando o efeito da crise sobre o couro


Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 - 08h04

Preços estáveis para o couro verde de primeira linha, pois os grandes frigoríficos resistem à pressão dos curtumes. Uma cotação abaixo de R$1,00/kg não vai passar assim tão fácil. No entanto, no que diz respeito ao couro catado, foram registradas retrações de R$0,10/kg tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil Central. E na verdade ocorreram negócios abaixo desses patamares, não só junto a pequenos frigoríficos e abatedouros municipais, como também para indústrias de médio porte, que abatem entre 400 e 500 cabeças/dia. Em Minas Gerais, por exemplo, tem couro verde sendo comercializado na faixa de R$0,40/kg, e ainda assim com dificuldade de escoamento, já que os curtumes estão trabalhando em “marcha lenta”. É interessante a situação do couro. Acompanhe o raciocínio. Trata-se de um produto de exportação. Aproximadamente 80% da produção nacional é negociada no mercado internacional. Portanto, o setor vinha sendo afetado por dois problemas: Valorização do real: algo em torno de 53% entre o início de 2003 e meados de 2008, afetando negativamente a competitividade do couro brasileiro no mercado internacional; Redução do ritmo de crescimento da demanda mundial: em função, principalmente, da crise econômica que acomete os EUA há alguns anos. Os norte-americanos ocupam a quarta posição no ranking de importadores de couro do Brasil, mas estão também entre os principais clientes de outros compradores do nosso produto, como a China. Nos últimos meses, com a crise financeira se espalhando pelo mundo, foi registrada uma forte desvalorização do real (36% entre julho e o acumulado da primeira quinzena de outubro), o que deveria, teoricamente, ajudar os curtumes. A cotação média do couro verde de primeira linha, no Brasil Central, passou de US$0,93/kg para US$0,46/kg. Mas a intensificação da crise levou a outros dois problemas. Primeiro, à redução e encarecimento do crédito para exportação. Segundo, ao agravamento do processo de ajuste de demanda, que dá início a um movimento de “congelamento” dos negócios e/ou renegociação de preços por parte dos importadores. É por isso que os curtumes argumentam: “o que adianta o câmbio reagir, se não tem crédito e nem demanda?” Em setembro deste ano o Brasil exportou 27 mil toneladas de couro, um aumento de 9% em relação a agosto, mas com queda de 4% em relação a setembro de 2007. O preço médio, por sua vez, recuou de US$6,55/kg em agosto para US$5,55/kg em setembro. Foi a menor cotação do ano. Diante desse cenário, mesmo com o dólar em alta (sendo que já voltou a cair nos últimos dias), a pressão sobre as cotações do couro verde é de baixa.
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