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Scot Consultoria

Carta Boi - Válvula de escape


Quarta-feira, 21 de março de 2012 - 17h34

No artigo “O Brasil versus os outros exportadores de carne bovina”, escrito em meados de 2010, analisamos a situação de importantes exportadores quanto à participação de fêmeas nos abates bovinos. Pouco mais de um ano e meio depois, reanalisamos esta conjuntura e os caminhos que os ciclos pecuários que alguns produtores trilharam nesse meio tempo. O atual contexto de mercado, com as exportações em queda desde 2008, em termos de volume, e a tendência de aumento de oferta no mercado interno em curto e médio prazos, nos levaram a analisar novamente esta via de escoamento da produção. Este, por sinal, foi um dos assuntos abordados no Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, que teve a casa lotada e discussões de alto nível.

Para acessar o pós-evento e saber mais clique aqui. A situação do Brasil no mercado externo De 2007 até 2011, as exportações de carne bovina (in natura, processada e salgada) caíram 36,2%, passando de 2,46 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec) para 1,57 milhões de tec. Estaria o Brasil sofrendo o impacto de uma diminuição no comércio mundial de carne bovina nos recentes anos? Não. Isto foi verdade em 2008 e 2009, em decorrência da crise, mas em 2010 e 2011, não. Veja na figura 1 esta evolução em conjunto com os embarques brasileiros.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os aumentos no comércio mundial de carne bovina, em termos de volume, foram de 4,3% e 1,5% ao ano em 2010 e 2011, respectivamente.

A avaliação dos destinos da carne também nos ajuda a avaliar o cenário do mercado externo para o Brasil. De acordo com dados do MDIC, compilados pela ABIEC, em 2008, os cinco maiores importadores respondiam pela compra de 58,4% da carne bovina in natura exportada. Desde então, ano a ano, essa concentração foi aumentando, tendo atingido 66,8% no ano passado. Ou seja, sob o ponto de vista da diminuição da dependência de poucos mercados e da alta concentração dos embarques para um grupo de poucos países, os números não são bons. Figura 2.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


Este pode ser um dos motivos da queda dos embarques nos últimos anos. A notícia boa vem sob o ponto de vista do faturamento, cujo resultado foi de US$4,96 milhões, muito próximo do recorde de 2008, mesmo com a redução no volume exportado. Porém, temos um momento favorável de preços contribuindo para este bom resultado. Isto ocorre em um cenário de redução da oferta mundial de carne, que impulsionou os preços. Temos que pensar que, quando importantes produtores recuperarem a produção, o preço pode não estar tão favorável. Daí teremos menor escoamento da produção e menor faturamento. Tratando de produção mundial, a seguir analisamos os ciclos de alguns países produtores. Os ciclos pecuários Na figura 3 estão as participações de fêmeas nos abates do Brasil, EUA, Austrália e Argentina.


 


 


 


























Os EUA continuam com o abate de fêmeas em ritmo crescente. Isso garante um aumento de produção imediato, mas compromete a disponibilidade de animais em médio prazo. Provavelmente essa fase de descarte será revertida em breve, fruto de estímulos de mercado característicos do ciclo pecuário. Com isso, a produção cairá naturalmente em consequência da recomposição do rebanho, que por sinal é o menor desde a década de 60.

Argentina e Austrália abateram fêmeas em ritmo crescente até recentemente. Desde 2010 estão recompondo rebanho. A Argentina ainda deve demorar para se reestabelecer no mercado externo, reflexo dos abalos sofridos pela cadeia nos últimos anos. Para a Austrália, a situação é um pouco diferente. A expectativa do Meat and Livestock Australia (MLA) é de que a produção,abate e exportação cresçam nos próximos anos.

A pecuária australiana responde rápido e deve ter ainda ao seu lado o aumento dos pesos de carcaça, com a retomada de boas condições climáticas no país, após anos de forte seca. No Brasil, houve expansão do rebanho nos últimos anos (retenção de fêmeas de 2006 a 2010). A tendência natural é de aumento na oferta de animais e de carne em curto prazo. Conclusão O Brasil tem oferta e o mundo demanda.

Temos legítima condição de atender a crescente necessidade internacional no curto e médio prazo. Porém, esforços estratégicos de ampliação de mercado devem ser empreendidos. Com a maior disponibilidade de animais e de carne no mercado interno, há maior dependência do mercado internacional para o escoamento da produção.

A exportação terá papel fundamental nos próximos anos para regular os fundamentos.

A Índia é um fator preocupante, pois tem grande capacidade de ampliação de produção, com pequenos esforços, e tem atendido a necessidade de carne barata na Ásia, Oriente Médio e África.



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