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Scot Consultoria

Carta Boi - Considerações sobre a precificação do boi gordo


Terça-feira, 7 de fevereiro de 2012 - 08h24

Nos últimos anos o mercado do boi gordo passou por diversas modificações quanto à forma de negociação dos animais. Em 2008 a maior parte dos rebanhos era negociada a prazo, para descontar o funrural.

Com a crise e os problemas pelos quais passaram os frigoríficos, deixando pecuaristas credores sem receber, o pagamento à vista disseminou-se, se tornando frequente.

Em 2009, por exemplo, havia três formas de precificação: A prazo, para descontar o funrural; a prazo, livre do imposto; e à vista, sem o funrural. No início de 2010 a Scot Consultoria, em função do julgamento de inconstitucionalidade do “funrural”, passou a divulgar os preços da arroba do boi gordo livres de imposto. Em 2012, o indicador boi gordo calculado pelo Cepea/Esalq e os contratos futuros da BVMF também passaram a ser divulgados livres de funrural. Remuneração dos derivados O rendimento de um bovino é quanto representa a carcaça, que é o objetivo primário da produção de bois.

A carcaça é composta pelo dianteiro, traseiro e ponta de agulha, cujas participações aproximadas são de 39%, 48% e 13%, respectivamente. De um lado entra o boi gordo e do outro saem duas meias carcaças. E o resto? Aqui existe um ponto de atrito na relação entre pecuarista e frigorífico. Afinal, os miúdos, couro, sebo e derivados não deveriam ser pagos, assim como a carne? Acontece que apenas com a venda da carcaça, o frigorífico não cobre o valor pago pelo boi gordo.

A carcaça, por ser o foco da indústria de carne, é usada na precificação. Quanto mais carcaça, mais carne, mais vale o boi gordo. O Equivalente Físico, calculado pela Scot Consultoria, que afere a receita com as venda da carcaça no mercado atacadista, revela isso.

Em janeiro, apenas com a venda da carcaça, o frigorífico pagou, em média, 95,6% do boi gordo. A tabela 1 mostra quanto o frigorífico pagou em média pelo boi e quanto recebeu pela venda dos produtos do abate em janeiro.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


O preço médio do boi gordo no período foi R$99,98/@, a prazo, livre de imposto. Se o frigorífico tivesse vendido apenas a carcaça, teria recebido R$1.577,04 por animal, valor 4,4% menor que o pago pelo boi, cuja cotação média foi de R$1.649,61, considerando um animal de 16,5@. Considerando a receita com a venda da carcaça, couro e sebo, temos o Equivalente Scot. Com estes produtos, a receita gera margem de comercialização de 0,2%.

O Equivalente Scot Carcaça e o Equivalente Scot Desossa contemplam a receita com a venda da carcaça e carne sem osso, respectivamente, somada a todos os derivados, miúdos, couro e sebo. Em janeiro, a margem de comercialização do Equivalente Scot Carcaça ficou em 16,6%, enquanto o Equivalente Scot Desossa teve margem de 25,0%.

A última coluna mostra a diferença entre os preços de venda dos produtos e os pagos pelos bois. Tais valores precisam cobrir os custos de operação da indústria. Resumindo, a carcaça é a referência pela qual o boi é precificado, mas o preço pago é resultado da oferta e demanda, considerando a venda de tudo o que o boi produz. Portanto, o boi é pago pelo seu todo e não somente pela carne que produz.

O rendimento de carcaça
Outro fator que altera os ânimos entre pecuarista e frigorífico é o rendimento de carcaça. Diversos fatores afetam o rendimento, que é a relação entre o peso da carcaça e o do animal vivo. Tais fatores são o peso de abate, genética, idade, alimentação, tempo de jejum e manejo no transporte. Idade, genética e peso de abate alteram a própria composição deste animal, alterando a relação entre a musculatura, ossos da carcaça e gordura e o peso total do bovino.

O tempo de jejum altera o conteúdo e peso do trato digestivo, o que altera a relação entre carcaça e peso vivo. O transporte pode gerar hematomas, que são excluídos na limpeza feita na linha de abate. No entanto, o indexador que determina quanto será pago pelo boi é o peso no final da linha de abate. Outra forma de comercialização é a venda pelo peso vivo, com pesagem na fazenda e negociação do rendimento. O rendimento negociado varia normalmente em relação ao peso e raça do animal. Veja a tabela 2.
































A diferença de rendimento exposta na tabela gerou uma variação de receita de 10%. Se um pecuarista negocia seus animais no peso vivo e fixar o rendimento 1 ponto percentual acima, saindo de 50,0% para 51,0%, por exemplo, obtém a mesma receita de um acréscimo de 2,0% no preço por arroba.

A utilização de duas variáveis na precificação do boi na balança da fazenda possui pontos positivos, como o conhecimento prévio do valor a ser recebido e a tranquilidade quanto ao transporte, uma vez que possíveis hematomas passam a ser prejuízo da indústria, por exemplo. Por outro lado, uma variável a mais na precificação pode induzir a distorções.

Um animal vendido na balança da propriedade com rendimento negociado de 50,0%, com preço de R$108,00/@, gera a mesma receita de um animal negociado a R$100,00/@, mas com 54,0% de rendimento. No patamar de preço atual do boi gordo, ao redor de R$100,00/@, cada ponto percentual a mais no rendimento equivale a R$2,00 a mais por arroba. Conclusão O mercado tem reagido a cada novo fator que surge na pecuária. Pequenas variações na forma de comercialização podem gerar diferenças expressivas na receita, que aumentam conforme o volume de animais abatidos. Acompanhar e se adaptar rapidamente às mudanças parece ser o caminho para não perder em escala.



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