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Scot Consultoria

Competitividade ameaçada?


Terça-feira, 6 de setembro de 2011 - 17h26

A queda do volume de carne bovina exportada tem provocado análises cujas conclusões apontam para a perda da competitividade no mercado externo. Para verificar se isso procede fizemos uma análise da evolução do preço da arroba do Brasil, Austrália e Estados Unidos, os principais participantes do comércio internacional de carne bovina. Também analisamos o preço da carne neste mercado. Arroba em dólares Um dos pontos importantes da análise é a cotação da arroba em dólares (US$). Na figura 1, fica evidente a alta da cotação da arroba brasileira em dólares norte-americanos ao longo do último ano. Desde o início de 2010, por exemplo, as valorizações para arroba norte-americana, australiana e brasileira foram de 34,1%, 37,5% e 41,6%, respectivamente. Tivemos a maior alta. A diferença entre a arroba dos EUA e a do Brasil, que era de 15,2% no início do ano passado, hoje é de 9,1%. Em relação à cotação australiana, hoje temos uma arroba 19,5% mais cara. Em fevereiro de 2010 os valores estavam no mesmo nível. Grande parte dessa alta foi devido à valorização dos animais terminados no Brasil em 2010. No ano passado, de janeiro a novembro, a alta registrada em reais, em São Paulo, foi de aproximadamente 53%. O preço decolou, fazendo com que a cotação em dólares tenha, momentaneamente, ultrapassado até mesmo a dos EUA. Porém, o câmbio também colaborou para as maiores altas das arrobas brasileiras e australianas. Também em relação ao início do ano passado, as moedas australianas e brasileiras tiveram valorização de 13,6% e 4,9%, respectivamente, frente ao dólar americano. E a carne? Além da análise da arroba fizemos uma análise da evolução dos preços da carne no mercado internacional. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2011 o preço da carne bovina exportada pelo Brasil ultrapassou, pela primeira vez, os US$3 mil por tonelada equivalente carcaça (tec). De janeiro de 2010 a agosto de 2011 o preço médio da carne exportada subiu 36,3%, valorização muito próxima da observada para o boi gordo, em dólares. Mas para analisarmos a competitividade da carne brasileira devemos fazer uma comparação com outros participantes do mercado. Observe na figura 2 a evolução dos preços das carnes brasileira, norte-americana e australiana Os últimos dados disponibilizados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), dizem que o aumento de preço da carne brasileira no mercado externo foi praticamente igual ao da Austrália e bem superior ao dos EUA. Apesar de o preço da tonelada exportada pelo Brasil ainda ser menor que o dos EUA e Austrália, os dados apontam para uma recente redução da competitividade, em função da diminuição da diferença de preços da carne, principalmente com a dos EUA. Para a Austrália, que disputa mercados diretamente com os norte-americanos, a situação talvez seja mais preocupante. Essa redução da diferença de preços com a carne norte-americana é provavelmente um dos fatores que vem puxando a recuperação das exportações dos EUA. Mercado de preço? Tradicionalmente, o Brasil tem no preço uma vantagem competitiva no mercado externo. Porém, diante do comportamento de mercado observado recentemente, fica o questionamento: até quando vamos poder nos louvar e confiar nesta vantagem? A conquista de novos mercados, incluindo aqueles onde a exigência é maior, é fundamental para a manutenção do sucesso do Brasil no mercado externo. O trabalho é árduo e as barreiras são muitas. Porém, temos excelentes vantagens das quais podemos nos beneficiar. Além dos custos mais baixos, levamos vantagem, por exemplo, no bem-estar animal, sanidade (ausência de vaca louca), capacidade de atendimento da demanda, possibilidade de incremento de produção e estabilidade política e econômica, só para citar algumas.
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