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Scot Consultoria

As vacas, a reposição e o ciclo pecuário


Terça-feira, 12 de julho de 2011 - 15h17

Os dados da pesquisa trimestral de abate para o primeiro trimestre de 2011, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são o comentário do momento. Os números, que apontaram aumento do abate de fêmeas e de sua participação no abate total no período, levaram à diferentes interpretações. Observe a evolução da participação de vacas nos abates na figura 1. Destacados em vermelho estão os primeiros trimestres de cada ano. Como sabemos, os primeiros trimestres apresentam maior participação de fêmeas no abate, fruto do descarte das fêmeas vazias, pós estação de monta. Porém, o interessante é que a tendência de queda na participação de fêmeas desde 2006 foi invertida em 2011. A melhor hipótese para explicar o aumento é o maior descarte de fêmeas, em virtude da seca tremenda que ocorreu no segundo semestre de 2010, que provavelmente diminuiu os índices de prenhez da última estação. Referenda essa sensação, o abate recorde de novilhas, embora a classificação dada pelo IBGE (fêmeas de um a quatro anos) seja nebulosa. Pela primeira vez, desde 1997, o abate de novilhas superou o de novilhos. Figura 2. Porém, um dos assuntos levantados foi o do ciclo pecuário. Seria um indício de virada de ciclo? Para analisar esta questão, vamos recorrer ao mercado de reposição. O que a reposição mostra? O primeiro semestre de 2011 foi de mercado firme para a reposição. Observe na tabela 1 as variações de preços para as diferentes categorias. A princípio, ao compararmos as valorizações da reposição em 2010 e 2011, apesar da alta, a ideia de um mercado mais fraco este ano pode parecer real. Porém, o próprio preço do boi mascara um pouco a situação da reposição. No primeiro semestre do ano passado, em termos nominais, a reposição subiu bem mais que em 2011, mas o boi gordo teve alta de 7,8%. Já em 2011, mesmo com o preço do boi gordo caindo 4,3% a reposição mostrou força para subir, especialmente o bezerro, que teoricamente deveria ser a primeira categoria a dar sinais de recuperação de oferta. Como consequência as relações de troca recuaram. Em resumo, a reposição ainda não compactua com a ideia de virada de ciclo. Não para o curto prazo, pelo menos. Conclusão É provável que estejamos próximos de uma virada do ciclo pecuário, mas diante do cenário da reposição, não devemos encarar o aumento no abate de fêmeas neste momento como uma reversão de ciclo. Se as previsões de mercado firme para o boi gordo no segundo semestre se confirmarem, isto joga esta discussão para o ano que vem. Fica a expectativa de como os dados de abate se comportarão este ano. Porém, por via das dúvidas, é bom ficar esperto para 2012.
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