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O que mais falta mais se valoriza


Terça-feira, 14 de dezembro de 2010 - 15h32

Segundo a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o rebanho bovino brasileiro no fim de 2009 era de 205,3 milhões de cabeças, 1,5% maior que em 2008. O Mato Grosso é o estado com maior efetivo de bovinos, com 27,4 milhões de cabeças ou 13,3% do rebanho nacional. A segunda e terceira posições ficam com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, com 22,5 e 22,3 milhões de cabeças, respectivamente. Cada rebanho corresponde a 10,9% do rebanho nacional. A quarta posição é ocupada por Goiás, com 10,2% de participação, com um rebanho de 20,9 milhões de bovinos. Rebanho nas regiões O rebanho absoluto aumentou em quatro das cinco regiões brasileiras. Apenas no Nordeste caiu. O rebanho nordestino diminuiu 560,4 mil cabeças. Caiu para 28,3 milhões de bovinos. Nesta região ocorreu a maior queda absoluta de rebanho estadual. Em 2009 o rebanho baiano diminuiu 869,4 mil cabeças. Na região Sudeste o rebanho aumentou, mas perdeu na participação nacional em relação a 2008. A participação da região Sudeste caiu de 18,7% para 18,5%. Em 2009 havia 38,0 milhões de cabeças na região. A participação da região Sul se manteve em 13,6%, apesar do aumento de 1,2% no número de cabeças. O rebanho em 2009 era de 27,9 milhões. No Centro-Oeste e Norte do Brasil os rebanhos aumentaram 2,5% e 3,4% no período (aumentos de 1,7 e 1,3 milhão de bovinos, respectivamente). Essas duas regiões aumentaram também suas participações em nível nacional. A região Centro-Oeste detém 34,4% do rebanho nacional. A região Norte abriga 19,7%. Mais da metade do rebanho nacional se encontra nessas duas regiões. Rebanho maior e preços em alta. Como pode ser? A escalada de preços em 2010, com alta de 51% entre o início do ano e o pico de preços em novembro, revelou que a oferta esteve menor. A demanda, por sua vez, se recuperava da crise global, mas não houve demanda excessiva a ponto de justificar tal alta, considerando que a procura foi firme o ano todo. Há duas maneiras de um rebanho crescer. Através da cria ou da importação. O Brasil não é importador de bovinos em volume expressivo, o que nos deixa a outra opção como responsável pelo aumento do rebanho: a cria. Desde 2007 a participação de fêmeas nos abates tem caído. Estas fêmeas que deixaram de ser abatidas estão produzindo bezerros. O abate de fêmeas em 2005 e 2006 foi intenso, afetando negativamente a produção de bezerros. Em 2010, viu-se que a oferta de bois gordos ainda não se recuperou. Isto explica as altas de preços entre 2007 e 2010, com a cotação patinando em 2009 devido à crise global. A valorização este ano foi mais expressiva para o boi gordo, em relação à reposição, o que melhorou a relação de troca. Entre o começo do ano e o pico de preços, o boi gordo subiu 51%. O bezerro anelorado de doze meses subiu 27% no mesmo intervalo de tempo. O que mais falta mais se valoriza. Mesmo com o preço do bezerro subindo, a escassez de bois gordos foi maior. Em 2011 estes bezerros serão garrotes, e as vacas que não foram abatidas nos últimos anos continuarão parindo. O investimento em cria nesta estação foi forte. Ou seja, o preço do bezerro subiu menos por que a oferta está melhor, o rebanho para reposição está aumentando. Os números do IBGE indicam isso. O aumento do número de bezerros pode ser identificado também através dos aumentos no rebanho em 2009 nos estados onde a cria é expressiva. Se desconsiderarmos as variações no Rio Grande do Norte (11,7%) e Amapá (9,6%), que têm rebanhos relativamente pequenos e mais sujeitos a variações percentuais, os Estados com maiores incrementos de rebanho foram Mato Grosso (5,1%) e Pará (3,9%), regiões onde a cria é relevante. Rebanho e disponibilidade de animais O crescimento do rebanho ocorre por meio da bezerrada, portanto, este aumento de rebanho divulgado pelo IBGE, estará disponível para abate em breve. Deve-se lembrar que a retenção de fêmeas ocorre desde 2007. Mas, para quantificar as variações e o tamanho do rebanho em cada região, fizemos um exercício. Quanto este rebanho maior significa em termos de abate? Considerando o desfrute brasileiro em 2009 (20,4%), estimou-se a oferta de animais para abate por estado e a quantidade de unidades que podem ser supridas nas condições de ociosidade e dias de abate definidas. Os resultados estão na tabela 1. Utilizou-se como padrão uma planta com capacidade de abate de 1.000 cabeças por dia, trabalhando 260 dias por ano, com ociosidade média de 25%. Este frigorífico demanda 195 mil cabeças por ano. Aqui cabem considerações. Os rebanhos em cada estado têm distribuições diferentes de idade, o que influencia no desfrute. Estados de cria, por exemplo, têm desfrutes menores que estados invernistas. Existe também o comércio interestadual, como o que ocorre em São Paulo, com frigoríficos do Estado comprando animais do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás, por exemplo. Rebanhos em crescimento têm participação maior de animais mais novos, o que influencia na disponibilidade de animais terminados. É o que se viu este ano. Com essas ressalvas, o Mato Grosso tem a maior oferta de animais para abate, cerca de 5,6 milhões de cabeças por ano, capazes de abastecer 28 plantas frigoríficas nas condições fixadas. Expectativas para 2011 Com a falta de bois gordos observada em 2010, não se pode esperar exagero de oferta em 2011. Mas esta tende a ser melhor no ano que vem, devido à maior produção de bezerros nos últimos anos. A melhoria de oferta de animais para reposição pode provocar queda ou reduzir o preço em relação ao boi gordo e, consequentemente, melhorar a relação de troca. Veja na figura 2 as relações de troca anuais entre o boi gordo e bezerro em São Paulo, nos últimos anos. Apesar da melhoria na relação de troca de nos últimos meses, por causa da alta do preço da arroba do boi gordo, na média de 2010 o patamar ainda ficou baixo, diante da série histórica representada na figura 2. Em 2011, uma possível frouxidão no preço da reposição, maior que no preço do boi gordo, pode aumentar o poder de troca.
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