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Scot Consultoria

Exportações de carne bovina em 2007: destaque para os Estados Unidos


Quinta-feira, 30 de novembro de 2006 - 12h01

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, recentemente, um relatório com as expectativas de produção, consumo e comercialização de carnes em nível mundial, para 2007. No caso da carne bovina, o USDA espera um aumento de 2,3% na produção, 2,1% no consumo, 6,5% nas exportações e 7,1% nas importações mundiais em relação a 2006. O relatório dá destaque às exportações. Afirma que o crescimento irá ocorrer não apenas em função do bom desempenho de participantes que não sofreram com problemas sanitários – como Argentina, Austrália, Índia e Nova Zelândia – mas também pela retomada das vendas de exportadores que, nos últimos anos, enfrentaram dificuldades desse tipo, como Brasil e Estados Unidos. Acompanhe na tabela 1 as expectativas do USDA para as exportações de carne bovina em 2007. Duas informações chamam atenção na tabela. A primeira é o forte crescimento esperado para as exportações norte-americanas. E vale aqui uma retrospectiva. Até 2003, os Estados Unidos disputavam com Brasil e Austrália o posto de maior exportador mundial. Havia, praticamente, um empate técnico entre os três. Mas em função de um caso de vaca louca, descoberto em dezembro daquele ano, as exportações norte-americanas caíram para 209 mil toneladas em 2004, o equivalente a 13% das vendas brasileiras ou 15% dos embarques australianos, no mesmo período, de acordo com o próprio USDA. Mas já em 2005 os Estados Unidos exportaram 317 mil toneladas, aumento de 52% em relação ao ano anterior. Para 2006 os dados preliminares apontam pelo menos 523 mil toneladas, ou seja, crescimento de 65% em comparação com 2005. Nenhum outro país registrou crescimento tão forte. Tradição, cadeia organizada e ações pró-ativas por parte do governo e da iniciativa privada, a fim de minimizar os riscos sanitários e destravar as negociações internacionais, levaram a essa forte reação norte-americana. Primeiro eles voltaram a vender para seus parceiros do Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio). Depois foi o Japão que reduziu as restrições comerciais para a carne bovina dos Estados Unidos. Recentemente a Coréia do Sul derrubou o embargo à carne norte-americana, sendo seguida, nos últimos dias, pela Rússia. Os exportadores australianos estão incomodados com a volta dos Estados Unidos ao mercado. Basta dar uma olhada nos últimos informes do Meat and Livestock Austrália (MLA). Afinal, a Austrália que mais se beneficiou da saída dos norte-americanos do mercado, ocupando espaços principalmente na Ásia. Mas com a retomada das negociações com a Rússia, que até 2003 era o quarto maior cliente dos Estados Unidos, os norte-americanos vão incomodar também o Brasil. Afinal, os russos são, individualmente, os maiores clientes brasileiros. Em 2005 absorveram mais de 20% da carne bovina que o Brasil colocou no mercado internacional. E por falar em Brasil, vai aqui o segundo destaque da tabela 1. Veja que, dentre os seis maiores exportadores, o USDA espera que o Brasil fique na lanterna do crescimento de 2006 para 2007. A posição de número 1 do mundo será mantida com relativa tranqüilidade, mas a vantagem em relação à Austrália deve recuar de 37% para 33%. A fatia de mercado, em termos mundiais, pode cair de quase 28% para abaixo de 27%. As perdas relativas do Brasil, estimadas pelo USDA, não são muito significativas. Mas incomodam. Aliás, o próprio crescimento de apenas 2,1% já incomoda. Depois de anos na vanguarda, o Brasil vai ceder espaço? Numa projeção simples, caso Brasil e Estados Unidos mantenham o ritmo de crescimento médio dos últimos três anos (contando aqui a previsão para 2007), os norte-americanos vão exportar mais que os brasileiros já em 2011: seriam quase 3,34 milhões toneladas dos EUA contra 2,60 milhões toneladas do Brasil. Mas vai ser assim? Não sei. O mercado não tem muita consideração por projeções. Os Estados Unidos, por exemplo, dificilmente conseguirão manter um crescimento de quase 49% ao ano ao longo do próximo qüinqüênio. A intenção aqui é apenas mostrar que a posição brasileira não é tão confortável. Para um crescimento estimado em 2%, é possível deduzir que o USDA não acredita que o Brasil abrirá mercados novos no próximo ano. Ao menos nenhum mercado de peso, apesar de estarem surgindo boas oportunidades lá fora. A Ásia, por exemplo, é um mercado promissor. O USDA estima um crescimento de 19% nas importações de carne bovina da Coréia do Sul. Para a China o relatório aponta um crescimento de quase 6% no consumo. Até os Estados Unidos deverão importar 6% mais carne bovina, graças ao aumento do consumo e avanço das exportações. E agora? O Brasil vai trabalhar para aproveitar as oportunidades ou vai deixar o USDA acertar nas previsões?
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