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Recuperação do milho

por Maria Gabriela Tonini

Quinta-feira, 19 de outubro de 2006 - 21h01

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A cotação do milho aumentou, desde setembro, quase 17,0% em São Paulo. Considerando a média brasileira, os preços subiram cerca de 14,0%.

A recuperação em meio à crise instalada na agropecuária brasileira deve-se a uma miscelânea de fatores. A intervenção do governo na comercialização do grão ajudou, mas isoladamente não teria causado o impacto nos preços. O Prêmio de Escoamento de Produção (PEP) é uma das ações realizadas pelo governo. No PEP, existe a possibilidade de parte dos custos logísticos serem subsidiados, o que incentiva os negócios, especialmente nas áreas de maior produção.

As exportações também auxiliaram na recuperação dos preços domésticos. Muitos produtores e cerealistas focaram nas exportações, uma vez que foi necessário buscar alternativas para o escoamento de uma produção 19,1% maior em relação à safra anterior. As exportações cresceram 168% nos primeiros nove meses de 2006, se comparadas ao mesmo período de 2005, totalizando 2,80 milhões de toneladas.

A escassez de chuva dos últimos meses também contribuiu para aumentar a demanda pelo milho para a alimentação animal, principalmente de bovinos. Mesmo que a bovinocultura não tenha grande representatividade na demanda de milho para a alimentação animal, como ocorre para a suinocultura e avicultura.

A produção nacional de carne de frango, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (APINCO), cresceu quase 2% nos primeiros 8 meses de 2006, comparado ao mesmo período de 2005. Apesar da gripe aviária assombrar o consumo mundial de aves, a produção brasileira aumentou, e puxou a demanda por milho.

Para a suinocultura, as estimativas também são de aumento da produção em 2006. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), a produção de carne suína tende a crescer 4,50% até o fim de 2006, se comparado ao ano anterior. Maior produção de suíno, maior demanda pelo milho.

Ajudou também na recuperação dos preços do grão a estimativa de menor produção de milho nos Estados Unidos, ainda mais com a forte demanda por etanol no País para a produção de biocombustíveis. O preço subiu no mercado futuro e acabou interferindo nas cotações nacionais.

Na expectativa de novos reajustes, os produtores de milho negociam pouco, pressionando o mercado.
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