Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Perspectivas para a soja

por Maria Gabriela Tonini

Quinta-feira, 3 de agosto de 2006 - 21h17

-A +A

A demanda global por alimentos varia conforme se modificam as estruturas de mercado e alternam as tendências de crescimento econômico e populacional.

No caso da soja e derivados, que tem como um dos principais destinos a alimentação animal, a demanda tende a aumentar em áreas cuja renda anual da população é menor que US$5,0 mil, o que inclui 80% do mundo. China, Sudeste da Ásia, Índia e Leste Europeu estão entre estas estatísticas divulgadas em estudo de Harvard, nos Estados Unidos. Isso porque, com o consumo em crescimento e poucas áreas agricultáveis, a alimentação, seja dos animais ou da população, terá que ter origem no exterior.

No caso da China, o deslocamento da produção de "fundo de quintal" para a produção profissionalizada, ou tecnificada, com aumento da utilização de nutrição balanceada, tem provocado o crescimento de 9,0% ao ano no consumo de soja. Como a China não tem condições de produzir toda a soja demandada, já que não existem água e terra suficientes em território chinês, a saída é importar.

O Brasil, segundo maior produtor de soja no mundo e um dos maiores exportadores atualmente, deve consolidar a posição de maior fornecedor do grão, seja na forma bruta, farelo ou óleo. Para 2014, este mesmo estudo estima que o Brasil, juntamente com o restante da América (especialmente a Argentina e Estados Unidos), será responsável por 75% das exportações globais da soja.

Mesmo a ocorrência da gripe aviária em território asiático não foi suficiente para alterar as tendências de demanda crescente. O temor do consumo do frango está sendo superado pela preparação das empresas em enfrentar eventuais surtos de gripe que possam surgir para frente.

Além disso, não é só o frango a proteína ingerida na Ásia. É nesta região o maior rebanho e consumo per capita de suínos do mundo. E pode-se dizer, de maneira simplista, que suínos são nada mais que soja e milho transformados em proteína animal.

Com isso, as perspectivas para o longo prazo para a soja brasileira são as melhores. Entretanto problemas como superprodução, preços baixos, estradas deficitárias, portos insuficientes, empresas de processamento deixando o Brasil, em função da falta de benefícios políticos e fiscais, ainda são desafios para o setor. E é aí que os esforços públicos e privados devem ser direcionados.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>