Venda antecipada de soja e estoque de milho
Quinta-feira, 22 de dezembro de 2005 - 18h05
SOJA
Os produtores de soja, envoltos pela atual crise de preços pela qual passa a agropecuária nacional, utilizam estratégias para continuar plantando. É o caso da venda antecipada da safra.
Para viabilizar o plantio, muitos produtores venderam antecipadamente a futura safra. É uma maneira de angariar fundos para cobrir as despesas atuais.
O problema é o risco. Da mesma forma que as oscilações de preço podem favorecer o sojicultor, podem prejudica-lo, caso não permitam margem de lucro.
Um décimo da safra prevista para 2005/06 foi vendida. É fim de ano e o período de festas sempre paralisa os negócios.
Na mesma época do ano passado, 13% da safra já havia sido comercializada. Em 2004 o produtor estava mais capitalizado e podia arcar com riscos maiores, este ano o cenário mudou.
Além disso, as incertezas do mercado, como tamanho real das safras e demanda mundial, auxiliam na morosidade das vendas antecipadas. Está difícil arriscar.
MILHO
Em algumas regiões, os produtores estão recebendo menos no momento da venda do que gastaram para produzir uma saca de milho.
Além da crise que paira na agricultura brasileira, com preços deprimidos, superprodução, dólar desvalorizado; surge outro agravante: má avaliação de estoques do grão.
No início do ano, foi divulgada por fontes oficiais que a produção brasileira de milho seria inferior à demanda interna.
A tendência seria de recuperação nas cotações e aumento da importação. E com as exportações de carne suína e frango batendo recordes consecutivos, a demanda de milho seria maior, uma vez que o milho é um dos principais componentes da dieta desses animais.
Com base nessas previsões, muitos produtores constituíram estoque, na esperança de preços melhores. Não foi o que aconteceu. De acordo com nossos levantamentos, os preços do milho, em valores nominais, caíram 11,0% nos últimos dois anos. E diante da atual conjuntura, não há sinais de recuperação nas cotações.