A questão sanitária no Brasil passa por um momento delicado. Além da preocupação em restringir a febre aftosa às localidades contaminadas e suportar os prejuízos da repercussão alarmista do fato, vivemos também a apreensão frente a ocorrência de gripe aviária em vários países. Agora devemos também dedicar atenção à ferrugem asiática na soja.
A confirmação da existência da doença em Primavera do Leste (MT), Palmeira (PR), Londrina (PR) e Goiânia (GO) deve servir como alerta aos sojicultores e autoridades do País.
Nessa mesma época, no ano passado, começaram a surgir focos, que com um empurrãozinho do clima em algumas regiões, provocou estragos na última safra. Aliás, o clima adverso provocou estragos tanto pelo excesso quanto pela falta de chuvas em determinadas regiões.
Estima-se que desde 2001, quando o fungo foi detectado nas lavouras brasileiras, os prejuízos somam U$2,0 bilhões, considerando os gastos com defensivos e redução da produtividade.
Para a próxima safra, a situação pode se tornar mais crítica. Com a quebra da última colheita e preços baixos, os agricultores provavelmente investirão menos em tecnologia.
Há produtores com dívidas da safra anterior, em função da baixa rentabilidade da atividade, que não devem conseguir liberação de crédito para a atual. E, devido à restrição do financiamento disponível nos bancos, provavelmente vão investir menos esse ano.
O risco da ferrugem asiática se alastrar aumenta se considerarmos as atuais condições climáticas. Em Primavera do Leste (MT), onde há confirmação da doença, o clima está propício ao seu desenvolvimento. Tem chovido há alguns dias. Além disso, o aparecimento da ferrugem no início do plantio pode trazer maiores prejuízos pela necessidade de mais aplicações de fungicidas.
Enquanto isso, os preços pouco se modificam no mercado nacional. Continuam frágeis, vulneráveis às oscilações da Bolsa, conforme vão surgindo novos fatos. O último é a constatação da gripe aviária na Europa e outros países, o que pode interferir na demanda mundial de soja e, conseqüentemente nos preços internos.