O fenômeno climático conhecido como
El Niño é caracterizado pelo aumento da temperatura da água na superfície do Oceano Pacífico acompanhado de uma mudança na pressão do ar.
Os efeitos desse evento podem ser sentidos em todo o mundo, embora o impacto diminua conforme aumenta a distância em relação ao Pacífico. Veja a figura 1.
Na América, de uma forma geral, o fenômeno está relacionado às precipitações acima do normal.
Na Oceania, em parte da África e da Ásia, por sua vez, ocorre o inverso. O reflexo nessas regiões é um clima mais seco que o normal (figura 2).
Registros dos últimos anos mostram que os efeitos do
El Niño são mais intensos entre dezembro e abril, vindo a se normalizar a partir de maio.
REFLEXOS NA PRODUÇÃO DE GRÃOS
Recente relatório da
Morgan Stanley Research mostra que é cada vez mais evidente a ocorrência do
El Niño no próximo ano agrícola - 2009/2010 (figura 3), fato que afetará diretamente a produção de grãos ao redor do mundo.
O aumento da temperatura e do volume de chuva contribui para um melhor desenvolvimento das lavouras de soja e algodão no continente americano.
De 1960 até hoje foi verificado aumento da produtividade dessas culturas nos Estados Unidos e no Brasil em anos em que o fenômeno ocorreu.
No caso da soja, a variação média nos dois países foi de algo entre 2% e 3% durante esses anos. Veja a tabela 1.
Por outro lado, houve redução da produção de soja nos países asiáticos, em especial na China e Índia.
O trigo é a cultura mais afetada em anos de El Niño. A queda da produção do cereal vai de 3% nos Estados Unidos a 15% na Austrália.
Por fim, ficam algumas questões para se pensar:
- Para a próxima safra brasileira a expectativa é de aumento da área plantada de soja;
- Nos Estados Unidos, a safra 2009/2010, em pleno desenvolvimento, deverá ser a maior da história;
- Previsão de maior oferta de soja da Argentina para a próxima safra. O país registrou quebra de safra (08/09) devido à estiagem;
- Diante disso, a cotação da soja poderá cair fortemente caso a demanda pelo grão não acompanhe o aumento da oferta;
- Outro ponto é o forte ritmo de compra de soja pela China nos últimos meses. Além da preocupação com o abastecimento interno, o país não estaria pensando na menor produção diante disso tudo que foi citado?
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