Nos primeiros seis meses do ano o mercado de grãos vinha apresentando recordes atrás de recordes, em termos de preço, na Bolsa de Chicago (CBOT).
Isso graças à evolução da demanda mundial, dos baixos estoques e do aumento dos custos de produção, decorrente da alta nos preços dos fertilizantes e dos defensivos agrícolas.
Outro fator importante para o aumento dos preços foi a migração dos recursos dos fundos de investimentos (impulsionados pela crise no setor imobiliário dos EUA) para os mercados futuros de
commodities, pois este segue fundamentos mais "consolidados", como oferta e demanda. Entretanto o que estava pesando contra os produtores era a cotação do dólar, que vinha em níveis muito baixos, diminuindo o lucro com as exportações.
CRISE DE ALIMENTOS
A preocupação mundial com a falta de alimentos também foi assunto em 2008. Os culpados seriam o biodiesel de soja e, principalmente, o etanol de milho dos Estados Unidos, que estariam substituindo a produção de comida.
Entretanto, o endividamento, a falta de investimentos, os preços baixos dos últimos anos e as distorções causadas por subsídios é que deram o tom da agricultura na última década. Não fossem esses fatores, a produção teria aumentado ainda mais.
Tais condições, somadas a diversos problemas climáticos e ao aquecimento da demanda em economias emergentes, levaram à tão falada crise de alimentos. Os biocombustíveis tiveram pouca influência.
CRISE FINANCEIRA MUNDIAL
No segundo semestre o cenário de tranqüilidade mudou violentamente.
Os preços futuros dos grãos nas principais bolsas internacionais começaram a despencar. Grandes bancos começaram a apresentar enormes prejuízos, o que afetou a disponibilidade de crédito. Com isso, todo o agronegócio brasileiro sentiu o baque.
Com as constantes variações das cotações no mercado futuro e a dúvidas sobre o rumo da economia, as negociações no mercado físico pararam.
Por outro lado, um fator de sorte foi a chegada da crise após grande parte dos produtores já ter adquirido a maioria dos insumos para a safra de verão. Sendo assim, para esta safra não são esperadas grandes retrações.
A grande preocupação diz respeito à safra de inverno, pois ela poderá ser afetada de uma forma muito mais intensa.
PROJEÇÕES
Segundo relatório do Banco Mundial (Bird), o índice de crescimento dos países emergentes será de 4,5% em 2009, com a alta de apenas 0,9% para o PIB mundial.
O relatório projeta ainda uma retração no comércio mundial de 2,1% para o próximo ano, além de prever uma queda nas exportações dos países em desenvolvimento.
Com relação aos investimentos nas nações menos abonadas, está previsto um aumento de 3,5%, bem mais baixo se comparado aos 13% de 2007.
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