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Scot Consultoria

O petróleo e a crise dos alimentos


Quinta-feira, 8 de maio de 2008 - 16h26

O preço do petróleo bateu um novo recorde, chegando a ser negociado a US$122,73/barril na Bolsa Mercantil de Nova Iorque (Nymex). O aumento aconteceu por conta da expectativa de que a demanda supere a oferta, já que, em abril, houve um crescimento do setor de serviços dos EUA, o que não ocorria desde dezembro de 2007, devido à crise imobiliária. Além disso, os ataques às petrolíferas nigerianas também estão contribuindo para a valorização do petróleo. A tensão no país pode fazer com que a Nigéria reduza sua produção. Seguindo a tendência do petróleo, as commodities agrícolas também estão em alta. A preocupação mundial com relação à "escassez" de alimentos aumenta. Os conflitos por comida estão se intensificando e governantes de diversos países pressionam a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas) para tomar medidas sobre o assunto. Os principais acusados são o biodiesel de soja e, principalmente, o etanol de milho dos EUA, que estariam substituindo a produção de comida. Um produto que passou a ser "vilão" da inflação é o arroz. O preço do cereal vem atingindo dia-a-dia patamares históricos. O arroz, que é a base da alimentação de vários países, não ocupava o foco das atenções devido à rentabilidade maior de outras culturas, como soja e milho. Agora, com a escassez mundial do produto, os principais produtores estão restringindo a exportação para garantir o abastecimento interno e tentar conter a inflação. A mesma situação é vivenciada pelo trigo. Felizmente, a Argentina liberou essa semana um lote de 100 mil toneladas de trigo para o Brasil, o que não é suficiente, mas já alivia a situação. Com o intuito de reduzir a dependência brasileira do cereal vindo do exterior, o governo estuda um plano de incentivo à produção nacional de trigo. Para o milho, além da alta do petróleo, a notícia de atraso no plantio norte-americano mantém o cereal em alta, em detrimento da soja (produtores estão migrando do milho para a soja devido ao clima). Outro fator que contribuiu com a queda nas cotações da oleaginosa foi a previsão do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) de boa safra na Argentina. Além da falta de alimentos, os fertilizantes continuam sendo motivo de apreensão internacional. Os adubos não páram de subir, impulsionados também pela valorização do petróleo e pela procura crescente. Muitos produtores já estão temerosos pela próxima safra, uma vez que os recursos disponíveis para o crédito agrícola da safra 2008/09 podem não ser suficientes para a compra dos insumos diante dos reajustes, especialmente dos fertilizantes. Sem contar que a questão da dívida rural contraída nos anos de 2004 a 2006 ainda não foi resolvida, o que pode prejudicar a captação de recursos. E já que tudo no mercado de commodities agrícolas está subindo, o álcool não poderia ficar fora dessa. Em plena safra recorde de cana-de-açúcar, as chuvas dos últimos meses atrasaram a colheita, o que fez com que o preço do quilo do ATR (Açúcar Total Recuperável), em SP, aumentasse 3,63%, de R$0,2449 para 0,2538. Segundo o último levantamento da Scot Consultoria, o preço do álcool está 6,22% mais alto do que em março.
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