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Scot Consultoria

Sub-prime e a minha lavoura


Sexta-feira, 2 de maio de 2008 - 10h53

Ninguém imaginava que o "porto-seguro" oferecido pelos fundamentos das commodities agrícolas serviria para o aumento em massa dos investimentos por parte dos fundos de hedge, de pensão e outros. Resultado: preço histórico recorde da maioria dos produtos e volatilidade nos preços. A alta verificada nas cotações agrícolas mundiais também suscitou a crítica de personagens importantes dentre as lideranças financeiras globais, que começaram a culpar a produção de energia limpa, a partir de fontes renováveis, como vilã da fome mundial, além de contestar os benefícios ao meio-ambiente. Tudo isso sem nunca averiguar o impacto do preço do petróleo, recordista absoluto de preço entre as commodities na última semana de abril (bateu US$119,93/barril). Não se pode esquecer que a crise dos créditos imobiliários de baixa qualidade (sub-prime) nos EUA favoreceu a migração dos fundos para a commodity, além de um dólar enfraquecido mundialmente. Hoje o cenário internacional já está melhor (ou menos pior) do que no início de janeiro deste ano, quando as bolsas internacionais estiveram em queda livre. Ou seja, será que a "liquidez internacional" continuará sendo direcionada para investimentos em papéis agrícolas? O que acontecerá se houver uma fuga desses fundos? Após a crise imobiliária nos EUA, a balança entre os avessos e os tomadores de risco perdeu o equilíbrio. Os gigantescos fundos de investimentos, de hedge e pensão migraram para as commodities (em geral), na tentativa de fugir da crise financeira e de capitais. Os resultados foram as oscilações e volatilidade nunca antes vistas no mercado de commodities. Enquanto isso, o produtor brasileiro sofre com o aumento de custos de seus insumos e com a diminuição do preço de venda dos seus produtos. Com o dólar mais fraco frente ao real, os preços internos dos grãos não acompanham, proporcionalmente, a alta verificada nas cotações internacionais. Além disso, de abril de 2007 a abril de 2008, os fertilizantes e o glifosato já acumulam alta de 70% e 50%, respectivamente, enquanto a soja e o milho aumentaram 39% e 52%, no mesmo período. Ou seja, realmente os preços melhoraram, mas o reajuste no custo de produção no momento supera, e muito, as cotações dos grãos. Os preços da soja e do milho caminharam em sentido oposto. A soja despencou na Bolsa de Chicago (CBOT) com especulações de que a sua área plantada avançou sobre a de milho nos EUA, devido ao excesso de chuva que atrasa o plantio desse cereal. Maior oferta de um e menor de outro causou a mudança na tendência verificada essa semana. E a safrinha brasileira apenas começa a tomar forma, verificando também atraso pela já tardia safra 2007/08, causada pela falta de chuva no início do ciclo. O milho safrinha continua sendo uma aposta arriscada do ponto de vista climático, mas os fundamentos dos preços continuam mais firmes do que nunca. Enquanto isso o produtor segue na sua eterna luta. Quem sabe agora que a escassez de alimentos é comentada a atividade do campo não se torna mais valorizada.
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