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Scot Consultoria

“A ocasião faz o ladrão”


Sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006 - 12h23

O dia amanhece com o noticiário denunciando uma suposta funcionária do Ministério do Trabalho cobrando propina. A golpista aparece na empresa, com uma série de documentos falsos, representando uma vistoria do Ministério do Trabalho. Depois de anunciar que tudo está certo – afinal ela não poderia autuar – ela sugere o pagamento de um valor para que a empresa se livre de vistorias do Ministério do Trabalho por um período de cinco anos. É crime!!! Mas por quê existe este crime? Existe porque é fácil, existe porque o empresário brasileiro não suporta mais burocracia, leis que atrapalham, dificuldades criadas por gatunos, uma relação trabalhista baseada em interesse conflitantes cujo dono do capital é sempre tido como um criminoso, alguém disposto a fazer o mal, não interessa a qual. Se não é criminoso ainda vai ser. Qual crime ele comete??? O crime hediondo de gerar emprego num país onde o dinheiro deveria ser mantido como capital especulativo. Por quê produzir? Por quê empregar? Vamos penalizar esta turma? A golpista se aproveita do absurdo da legislação, sabe do quanto as leis trabalhistas custam às empresas brasileiras. Aí, com uma dose de criatividade bem carnavalesca, planeja o golpe. O empresário, ao pagar propina, também comete crime: é errado!! Não é o intuito defender esta conduta por parte dos empresários, mas o fato é que a severidade das legislações, a intolerância de quem as exerce e o oportunismo de advogados, funcionários e sindicatos inescrupulosos levam os empresários a adotar medidas extremas. Sim, são extremas pois obrigam homens honestos a afrontarem a legislação, caírem no submundo dos fora da lei. Evidentemente, os empresários de mau caráter devem ser excluídos deste raciocínio. Há quem possa contestar, dizendo que basta não pagar que isso não acontece. Mas a realidade não é bem assim. Em alguns casos, o sujeito simplesmente não consegue trabalhar de tamanho empecilho que fiscais corruptos causam a ele, caso não entre no esquema de propina. A condução da empresa fica inviabilizada. No fim do mês, ele tem que pagar as contas, as dele e as da empresa. Os exageros são tantos, que muitos funcionários de órgãos fiscalizadores se acham no direito de receber aquela propina. Em alguns casos, parece até normal. Evidentemente que a solução para estes problemas é complexa, mas parte do problema, sem dúvida, advém da elevada dificuldade dos empresários se defenderem perante a justiça do trabalho e ambiental. O fiscal passou a ter poder absoluto sobre a verdade, enquanto ao empresário cabe se acuar e rezar para não ser perseguido. Quando a reza não funciona, ele parte para o pragmatismo e acaba adotando soluções extremas, dando força a uma corrupção que parece infinita: um verdadeiro círculo vicioso. Revisar a lei, flexibilizá-la, fiscalizar os agentes destes órgãos é fundamental para resolver tais problemas. A golpista do noticiário de hoje é apenas um peixinho num mar de corrupção, um personagem pequeno dentro da realidade dura e vil que o empresariado brasileiro enfrenta dia a dia. (MPN)
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