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Scot Consultoria

O que esperar da demanda por carne bovina nos próximos meses?


Quarta-feira, 10 de setembro de 2008 - 09h34

Ontem analisamos a questão da oferta de gado. Agora, vamos dar atenção à demanda. No último ano, além da redução da oferta de animais terminados, o aquecimento da demanda por carne bovina contribuiu significativamente para a valorização da arroba do boi gordo. E a demanda aumentou em função do próprio crescimento do consumo, graças ao bom desempenho da economia mundial, e da expansão da capacidade de abate das indústrias nacionais, com destaque para os grandes grupos frigoríficos. Nos últimos meses, porém, a volta da inflação, puxada principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos, passou a afetar negativamente o consumo, via achatamento do poder de compra. Veja a figura 1. Lá fora, em função da inflação e da crise dos Estados Unidos, o cenário também mudou um pouco. E as exportações já estavam em queda, um pouco por conta da própria redução da produção, mas também como reflexo da perda de atratividade do mercado externo (graças, principalmente, à valorização do real e ao embargo da União Européia). Esse ambiente, juntamente com o aumento da oferta de animais terminados em confinamento (analisada ontem), minou as forças do movimento de alta no mercado físico do boi gordo, que passou a andar de lado. Na verdade, recuos foram registrados em várias regiões. Mas a inflação começa a dar sinais de arrefecimento. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o IGP-DI, por exemplo, caiu 0,38% em agosto. E em final de ano, graças às festas e às gastanças típicas do período, sempre tem um aquecimento adicional da economia. Em síntese, o emprego e a renda tendem a se manter em alta, ao passo que a inflação está perdendo força. Isso significa aumento do poder de compra. No mercado internacional, espera-se, para o curto prazo, a retomada das vendas de carne in natura para o Chile e de carne industrializada para os Estados Unidos. Além do mais, Goiás voltou, recentemente, a exportar para a Rússia (estava com as vendas suspensas devido a um caso de estomatite) e a União Européia está liberando novas fazendas para atender a demanda do bloco. Aliás, dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que, em julho, o Brasil voltou a registrar recorde em volume exportado de carne bovina, na comparação com o mesmo período do ano anterior (alta de 2%). Isso não acontecia desde setembro de 2007, e os dados preliminares de agosto apontam para um novo desempenho positivo. O dólar, por sua fez, que há algumas semanas caminhava rumo a R$1,50, agora está na casa dos R$1,77. Essa desvalorização da moeda nacional, aliada aos recuos registrados para as cotações da arroba, já fizeram o boi do Brasil (tomando SP como referência) voltar a valer menos que o do Uruguai, se distanciando das cotações da Europa e dos Estados Unidos, à quais estava se aproximando “perigosamente”. Logicamente que podemos apontar os ganhos de competitividade de proteínas concorrentes (como o frango, em função da retração dos preços do milho), o aumento dos índices de endividamento da população, a desvalorização das moedas de exportadores concorrentes (como a Austrália) e outros fatores como limitadores de um possível aquecimento das vendas de carne. Mas ainda assim, analisando por “todos os lados”, não dá para negar que o cenário, em termos de venda, se mostra melhor para os próximos três meses, na comparação com os últimos três. (FTR)
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