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Scot Consultoria

EUA dão sinal verde à carne in natura do Brasil após 17 de anos de negociações


Quarta-feira, 3 de agosto de 2016 - 15h28


Após uma negociação que durou 17 anos, Brasil e Estados Unidos finalmente assinaram as Cartas de Reconhecimento de Equivalência dos Controles de Carne Bovina. Trata-se de um acordo bilateral que sinaliza a abertura do mercado norte-americano à carne bovina in natura brasileira.  A parceria entre os dois países foi celebrado no último dia 29 de julho, em Washington (EUA), durante visita do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, àquela nação.


Já as cartas foram assinadas durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), na segunda-feira, 1º de agosto, pelo ministro Blairo Maggi e pela embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde. O evento contou ainda com as presenças do presidente da República interino, Michel Temer, do ministro das Relações Exteriores, José Serra, de parlamentares e lideranças do setor agropecuário nacional.


"A abertura das exportações de carne fresca e congelada para os EUA significa o acesso da carne brasileira para outros países", discursou Temer, durante anúncio no Palácio.


O ministro da Agricultura ainda considera que o reconhecimento americano será um facilitador para o Brasil conquistar outros mercados. "Muito mais do que a possibilidade de mandar milhares de toneladas para os Estados Unidos, é a chance de vendermos também para outros países como Japão, Canadá e Coreia do Sul", ressaltou Maggi, na mesma cerimônia.


O Brasil já exporta carne industrializada para os EUA, importante parceiro comercial e líder do ranking de importadores nesse nicho de carne brasileira. Segundo dados oficiais, em 2015, o faturamento com as vendas para o mercado norte-americano somaram US$286,80 milhões. De janeiro a junho deste ano, os embarques para os EUA superaram 15,0 mil toneladas, o equivalente à receita de US$130,00 milhões.


Abertura de mercados


"A aceitação da carne brasileira in natura pelos EUA abre mercados importantíssimos para o Brasil, a começar pelo Japão", concorda o pecuarista Carlos Viacava, da Nelore Mocho CV. Para ele, esta conquista é o reflexo dos trabalhos realizados pelo Brasil, nos últimos anos, em sanidade e melhoramento genético voltados para a produção de carne de alta qualidade. "É aí que devemos aplicar nossos esforços", reforça.


"A decisão atende à demanda e as necessidades do setor e resulta dos esforços conjuntos entre todos os elos da cadeia produtiva da carne bovina e, em especial, dos técnicos do Ministério da Agricultura", destaca o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, em nota oficial à imprensa. Ele, que acompanhou a comitiva brasileira, em Washington, também participou da cerimônia em Brasília.


"Com o acordo, a indústria se fortalece e o setor produtivo, juntamente com a defesa sanitária, que muito faz para garantir a qualidade da carne bovina, espera colher bons resultados e amenizar as perdas já causadas pela redução do consumo interno, devido à crise que arrebata o País", diz José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA).


Dúvidas


Para o diretor-fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, a dúvida em relação à abertura do mercado norte-americano para a carne in natura brasileira é o que isso vai significar em termos de toneladas, ou seja, se será um canal de escoamento significativo da produção.


"Não sabemos se o volume exportado será relevante para a carne brasileira, afinal, vamos disputar uma pequena fatia do mercado de 64.800 toneladas com outros concorrentes (países da América Central) que não têm cotas definidas", diz Torres. "Na verdade, como é commodity, vamos ter que ganhar isso no preço."


Ele ainda lembra que há outros países importadores de carne bovina que, por falta de pesquisa internas, adotam a conduta norte-americana no que diz respeito à sanidade animal e vegetal. "Em tese, a partir da abertura da abertura do mercado norte-americano, esses países representam um mercado potencial e devem permitir que o Brasil também os acesse."


Reconhecimento


"Outra boa notícia é que os EUA vão comprar carne do Brasil inteiro, o que significa o reconhecimento de que a vacinação contra a febre aftosa realmente tem funcionado no controle e na prevenção da doença e que o nosso esquema de sanidade é confiável", ressalta o diretor-fundador da Scot Consultoria.


Com a equivalência dos controles oficiais de carne bovina, os norte-americanos passam a aceitar a entrada de carne brasileira in natura (fresca e congelada) de regiões onde o gado é vacinado contra a febre aftosa. Em contrapartida, o Brasil passa a aceitar a carne dos EUA, mesmo com as ocorrências da doença da vaca louca em território norte-americano em anos recentes.


Inspeções nos frigoríficos


Órgãos especializados dos dois países fizeram inspeções nos frigoríficos para liberação das unidades às exportações para os EUA. No Brasil, frigoríficos de 14 Estados (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins) e do Distrito Federal estarão habilitados a exportar carne in natura.


A previsão é que os embarques comecem em 90 dias. A expectativa do governo é que a receita com as exportações desse setor seja ampliada em US$900,00 milhões.


Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura. 2 de agosto de 2016.


Link da notícia: http://sna.agr.br/eua-dao-sinal-verde-a-carne-bovina-in-natura-do-brasil-apos-17-de-anos-de-negociacoes/



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