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Scot Consultoria

Baixa oferta e alta nos custos impedem reversão de preços


Quarta-feira, 13 de julho de 2016 - 15h19


O leite, um dos atuais vilões da inflação, pode ter os preços estabilizados com a entrada da safra e do período de chuvas, no final do ano. Porém, a oferta é historicamente menor e os insumos da ração ­ farelo de soja e milho ­ não têm projeções de queda até 2017, o que impede uma reversão forte no valor do produto final.


No acumulado do primeiro semestre, os preços do leite UHT registraram expressivos 58,5% de alta, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O pesquisador do instituto, Wagner Yanaguezawa, explica que, hoje, a indústria adquire uma matéria­prima mais cara e está com dificuldade no repasse ao consumidor.


"Uma retração ou estabilidade [no preço] só vai ocorrer quando a oferta no campo melhorar, mesmo assim, ainda estaremos reféns do clima", avalia o especialista. Quanto à despesa com ração, responsável por 40% do desembolso na pecuária leiteira, as recentes e pequenas reduções nas cotações das commodities agrícolas, impulsionadas pela colheita da segunda safra de milho, não foram suficientes para dar um horizonte mais confortável ao pecuarista.


O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, conta ao DCI que produtores menos eficientes não conseguem fechar as contas, independente da remuneração maior, dados os valores de soja e milho "na estratosfera". Em algumas regiões, o preço destes grãos dobrou durante a safra 2015/2016, conforme publicado no DCI.


Produção


Em junho, a captação leiteira foi 2,6% menor em relação ao mesmo período de 2015, destaca o analista de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro. Trata­se de uma tendência de diminuição na oferta que, para o executivo da CNA, é proveniente da baixa remuneração ao produtor em anos anteriores, desestímulo à atividade, perda da produtividade e até abate de fêmeas (matrizes).


"O que certamente já aconteceu e também influenciou na oferta foi o descarte de toda vaca com defeito ou infértil", comenta Alvim. A medida teria sido adotada com mais frequência há dois ou três meses, no intuito de aproveitar o bom momento da arroba. "Por pior que fossem as vacas, elas ainda produziam alguma coisa", acrescenta, ao justificar o reflexo negativo na captação.


Com base nesta conjuntura, o presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL), Ernesto Krug, acredita que esta será a menor safra dos últimos 22 anos.


Por fatores climáticos sobre as pastagens, o Sul do País é a primeira região a dar a largada na produção leiteira da temporada. Krug afirma que há cerca de um mês e meio a captação deveria ter reagido, fato que não se consolidou.


"Vemos uma tendência de safra baixa que começa aqui e vai se espalhar pelo resto do Brasil", diz.


Na semana passada, o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, participou de um evento no Mato Grosso e explicou que, atualmente, o País encontra­se em um período de neutralidade, com a saída do fenômeno El Niño, para dar espaço aos primeiros efeitos da La Niña em meados de setembro, fenômeno inverso.


Em geral, os especialistas concordam que o mercado leiteiro ficará em patamares altos pelo menos até agosto. De setembro em diante, colaboradores do Cepea já imaginam um cenário mais fraco para a remuneração aos pecuaristas do segmento.


Fonte: Terraviva.  Por Nayara Figueiredo. 12 de julho de 2016.


Link da notícia: http://www.terraviva.com.br/site/selectus/julho2016/1207precos.pdf



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