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Scot Consultoria

Recria para confinar ou para terminar a pasto?


Segunda-feira, 25 de maio de 2015 - 16h26

Se para o ciclo de confinamento de 2016 o pecuarista adquirir bezerros desmamados entre maio e junho de 2015 aos 7 meses de idade e recriá-los, considerando os custos de transporte, suplementação mineral, suplementação proteica, sanidade - necessários para que o bovino atinja, pelo menos, 360 kg ao fim do primeiro ano de fazenda (19 meses de idade) - e custos fixos iguais ao desembolso com arrendamento, o investimento total será de R$ 1.950/cabeça.


Comparando os números apresentados na tabela 1 com a cotação vigente no mercado do boi magro com 12@, fica clara a competitividade que a recria confere ao sistema. Ainda mais admitindo possibilidades reais de novas altas para a categoria. 



Em São Paulo, os negócios com boi magro, enquanto este texto era escrito, na última semana de abril, ocorriam entre R$ 2.000 e R$2.100/cabeça, 7,1% acima do custo estimado para a recria que será finalizada em 2016.


Até o fim do primeiro semestre, à medida que se aproxima a temporada dos confinamentos, as negociações com esta categoria animal deverão se intensificar. Ou seja, são grandes as possibilidades de novas altas para o boi magro ainda em 2015.


Se até maio de 2016 o boi magro apresentar metade da valorização registrada nos 12 meses exatamente anteriores, 16,2%, estará sendo negociado, em média, por R$ 2.320.


Veja na tabela 2 a diferença de resultado econômico que essas duas categorias de bovinos para reposição, o recriado e o adquirido no mercado, darão ao confinador, considerando os mesmos índices produtivos. 



Com os parâmetros produtivos utilizados na simulação (ganho de peso, rendimento de carcaça e dias de cocho), o pecuarista que fará recria pagará todo o investimento vendendo a arroba do boi gordo por R$ 139,99, valor 12,6% menor do que o exigido para "empatar" a operação realizada com o boi magro adquirido no mercado.


Já a recria para terminação dos bovinos em pasto, antes da análise econômica, precisa passar pela análise do mercado.


Iniciado no fim de 2013, o período de alta do ciclo pecuário completará em 2015, pelo menos o segundo ano de forte valorização da arroba, em um ambiente macroeconômico nada propício para isso.


Não há muito espaço para a indústria repassar grandes altas para a carne. A inflação corrói o poder de compra da população. Ou seja, mesmo que a oferta seja pequena, a diminuição da margem da indústria poderá limitar a valorização. Veja gráfico.



Ainda que todos os ajustes necessários à economia sejam concluídos em 2015, certamente 2016 será um ano de desempenho lento da economia. Os dados divulgados pelo Banco Central indicam isso.


Ou seja, a força de venda de carne, assim como a de todo o varejo, não deverá ser grande.


Será preciso atenção em 2016, embora a expectativa seja de um ano de preços firmes. A maior preocupação para quem comprar bezerro desmamado em 2015 será a data de entrega do boi terminado.


Se este bovino atingir o peso de abate com 2,5 anos de idade, aos 30 meses, índice bom em relação à média da pecuária nacional, este deverá ser entregue à indústria em 2017, quando a reposição do rebanho, por meio da retenção de matrizes, pode tirar a força ou até mesmo mudar o cenário altista de preços. Aí está o risco. Comprar o bezerro "caro" e vender o boi "barato".


Por fim, a melhor estratégia em anos de reposição com cotações elevadas como em 2015 é aproveitar ao máximo o momento de alta para vender o boi gordo. Encurtar o ciclo de produção, para alcançar este objetivo, seria uma estratégia.


Fonte: Revista DBO - edição de maio, n°415. Texto de Alcides Torres (Scot), com a colaboração de Gustavo Aguiar.



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